O que realmente importa: a realidade nossa de cada dia
Dia desses eu fui visitar um lar para idosos, daqueles que a sociedade costuma disfarçar pelo nome de “recanto da terceira idade”, a fim de retribuir uma parte do que a vida tem me concedido de maneira afortunada.
Num local como esse, quando você ainda carrega algum sentimento de compaixão pelo sofrimento alheio, qualquer cena conflitante com a sua confortável realidade faz você pensar sobre as inquietantes contradições humanas.
Depois de algum tempo observando o ambiente, circulando entre as dores e alegrias alheias, por vezes desconfiadas com a minha presença, era difícil não imaginar que tudo aquilo poderia ser diferente.
Como dizia Ralph W. Emerson, o grande pensador norteamericano, toda verdade é feia e deselegante. Embora o objetivo do grupo, do qual eu fazia parte, fosse animar os “velhinhos” com a nossa presença, era quase impossível ficar imune ao sentimento de indignação, diante de expectativas e percepções tão diferentes do mundo.
00Apesar de tudo o que tentamos fazer naquele dia, nossa presença era o que realmente importava para aquelas pessoas. Em cada rosto, em cada música, em cada pedaço de bolo servido e em cada presente preparado carinhosamente pelos voluntários, uma única certeza: a vida vale a pena ser vivida enquanto temos noção da realidade, caso contrário, torna-se um fardo difícil de ser carregado.
Certas coisas são incompreensíveis e inaceitáveis quando você conhece a origem do problema, porém não encontra soluções e braços voluntários que ajudem a reverter a situação. Várias pessoas estavam lá porque os filhos, genros e noras simplesmente não as queriam dentro de casa; outras porque não tinham alternativa melhor e outras porque não conseguiram se livrar do gênio difícil, que acabou gerando mais inimigos que simpatizantes ao longo da vida.
O mundo é contraditório. Por todos os lados você encontra pessoas que se dizem infelizes, algumas porque recebem pouco, outras porque ainda não foram promovidas e outras porque fazem do dinheiro, do cargo e dos bens materiais a sua única esperança de vida.
Em diversos cantos da cidade, afastados da civilização, uma parte da nossa sociedade continua à espera de um ombro amigo, de um sorriso efêmero, de um pedaço de pão e, quem sabe, do fim do sofrimento. O fim é uma incógnita; porém, para a maioria das pessoas, pode ser muito triste.
O que realmente importa na vida
A vida é muito mais do que imaginamos. A vida é o que fazemos dela; portanto, um milhão ou quarenta bilhões na conta não fazem a mínima diferença se você não tiver filhos ao seu lado e amigos dispostos a estender a mão quando mais precisamos deles.
Duvido que alguém queira envelhecer por livre e espontânea vontade, e não me lembro de ninguém que tenha comemorado radiante a chegada dos 80 ou 90 anos. Nessa idade, os filhos promovem a festa para reunir os amigos e amenizar um pouco a tristeza do passar dos anos.
A velhice é uma condição imposta pela natureza, a contragosto. Não é à toa que uma infinidade de pessoas tenta retardar a velhice por meio de cirurgias plásticas, exercícios físicos e suplementação alimentar. Diante de tudo isso, devemos estar preparados para aceitar a velhice com a cabeça erguida; portanto, comece a construir a sua estrada com base no hoje porque o terreno do amanhã é desconhecido demais para fazer planos.
Em qualquer fase da vida, tente concentrar esforços no SER porque o TER será mera consequência dos seus atos. Ser mais amigo, mais humano, mais alegre e mais altruísta vale mais do que ter um patrimônio que não pode ser levado para outra dimensão.
O tempo não para nem reinicia para que você conserte todos os relacionamentos destruídos ao longo do caminho. A vida pode até recomeçar depois de alguns tropeços, porém o tempo para refazer o caminho, um novo relacionamento e uma nova história é cada vez menor. Portanto, o que realmente importa são as lições que você aprende para se tornar uma pessoa melhor, um pai ou uma mãe melhor, um profissional melhor.
Depois de visitar um lar de idosos, um centro de recuperação de dependentes químicos ou um complexo de saúde para pessoas com deficiência, a principal conclusão que você pode conseguir é a seguinte: o que realmente importa não é o que você tem na vida, mas quem você tem na vida; o que realmente importa são os exemplos, as contribuições, a realização e a paz de espírito que tornar a sua velhice mais digna e serena; o que realmente importa é ter consciência na velhice e ainda ser capaz de pensar por si mesmo.
Por fim, lembre-se: a maturidade tem muito mais a ver com o número de experiências que você teve do que com os aniversários que você celebrou. A dignidade que você deseja ter no final é a mesma que você deve proporcionar a quem está próximo do fim. É simples assim!
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