A simplicidade e a natureza humana
Apesar do discurso negativo que ronda o ambiente corporativo em todos os níveis hierárquicos, eu procuro ser um motivador por natureza e sempre considero que as coisas são melhores do que aquilo que os nossos olhos enxergam.
Quase sempre, as aparências enganam, para o bem e para o mal; porém, um pouco de boa vontade nos faz enxergar as coisas sob ângulos diferentes, de maneira positiva, quando assim desejamos. Não é algo difícil de se praticar.
Obviamente, isso não invalida a percepção de que a natureza humana, sob pressão ou influência da opinião alheia, é incapaz de distinguir o ambiente em que se encontra e, por conta disso, faz coisas que fogem ao seu controle.
O mundo poderia ser bem mais simples e aprazível na prática, porém a maioria das pessoas apresentam enorme facilidade para complicar as coisas. Elas são controladas por antecipação de sofrimentos, más influências e pensamentos negativos em todos os lugares.
Na medida em que o ser humano se desenvolve e os modelos mentais são estabelecidos, surgem as dificuldades, as desavenças, a ganância, a competição, o ódio, a intolerância, a inveja e o desejo de ser ou de ter aquilo que os outros têm, a qualquer custo.
Em geral, as pessoas são descontentes por natureza. Elas têm tudo e não tem nada ao mesmo tempo. Suas necessidades estão sempre onde a mente tem mais dificuldade de alcançar. Elas desejam provar a todo instante que suas opiniões valem mais, suas ideias são melhores e seus cargos são mais importantes; mas não apresentam a mínima disposição para elogiar as ideias nem escutar as opiniões alheias.
Por conta de maus exemplos recebidos, da falta de diálogo no convívio familiar e, quase sempre, da ausência de valores e princípios, algumas se acham melhores, outras se acham menos favorecidas e algumas são complicados por natureza.
Lamentavelmente, algumas pessoas vão construindo uma trajetória de erros ou insucessos sem fundamento nem justificativa que mereça o menor desperdício de energia. Dá-se a impressão que elas preferem permanecer assim, vitimizadas, para ganhar mais atenção.
Infelizmente, nem todas conseguem perceber como esses equívocos são nocivos para o seu próprio desenvolvimento. Dessa forma, elas conseguem arranjar inimigos por onde passam e nada consegue agradá-las. Quando você tem valores e princípios consistentes, a simplicidade vem de forma automática.
Princípios universais valem para todas as cores, credos, povos e nações. Paz, amor, ética e respeito deveriam ser incorporados logo nos primeiros anos de vida das pessoas e seguir com elas até o último suspiro. Isso facilitaria um bocado as coisas.
Por que a simplicidade é difícil?
Por que razão algumas pessoas são felizes mesmo vivendo de maneira simples, enquanto outras não conseguem expressar um sorriso, apesar das benesses que a vida lhes oferece? De onde vem essa predisposição humana para a o sofrimento gratuito, a maldade, a inveja, a intolerância, o racismo e a violência, em todos os sentidos? Por que tamanha cegueira diante do óbvio?
A natureza competitiva do ser humano impulsiona, limita e condiciona ao mesmo tempo. Nosso desejo de melhorar de vida é legítimo, afinal, estamos aqui para isso; mas isso não nos dá o direito de tripudiar a condição alheia em favor dos nossos interesses. A vontade é universal, o bom senso também.
Por força da profissão, tenho a oportunidade de conversar todos os dias com um número razoável de pessoas de diferentes organizações, escolas, cidades e universidades do meu círculo de relacionamento, o que me ajuda a ampliar o ângulo de visão sobre as coisas.
Por diferentes razões, noto que as pessoas estão sempre reclamando das outras, do sistema, da vida, do chefe, dos colegas, do salário, dos pais, dos filhos, dos parentes, daquilo que ainda não tem, ou mesmo do que elas têm de sobra, mas não lhes agrada.
Uma flor não precisa mais do que algumas gotas de chuva e um dia de sol para demonstrar sua beleza e gratidão ao universo. Um cachorrinho não precisa mais do que um simples estalar de dedos para abanar o rabo e se sentir feliz. O rio não precisa mais do uma chuva para cumprir sua missão de contornar os obstáculos e atingir o oceano. O pássaro não precisa nada mais do que algumas bicadas na água e um pouco de sementes para atravessar o dia cantando.
Portanto, o que falta para o ser humano? A resposta pode mudar a sua vida. O ser humano é competitivo, influenciável, impulsivo e preconceituoso. Quando se propõe a fazer algo, a competição entra em cena e quando não se propõe, o instinto prevalece, então faz bobagem ou acaba influenciado. É uma reflexão, não uma acusação. Cada um sabe da sua dor e da sua renúncia.
Como ser feliz na simplicidade
Ser simples é adotar uma abordagem descomplicada, direta e despretensiosa na forma de viver, pensar e agir. É simplificar a vida, concentrando-se no essencial e eliminando o excesso de complicação, tanto material quanto emocional.
Ser simples implica em apreciar os pequenos prazeres, em vez de buscar a grandiosidade o tempo todo. É encontrar beleza nas coisas cotidianas, nas interações humanas genuínas e nas experiências simples, no relacionamento com as pessoas.
Ser simples também envolve desapego material, não se deixando levar por uma busca desenfreada por bens materiais ou status. É reconhecer que a felicidade não está somente ligada a bens materiais, mas a um senso de propósito, conexão e contentamento interior.
Além disso, ser simples está relacionado a uma mentalidade aberta e flexível. É ser capaz de apreciar a simplicidade na forma como pensamos e nos comunicamos, evitando a excessiva complexidade ou a necessidade de parecer inteligente ou sofisticado.
No geral, ser simples é buscar uma vida mais autêntica, significativa e equilibrada, priorizando o que realmente importa e cultivando um senso de paz interior.
Assim como a natureza, o mundo é relativamente simples. Amar para ser amado, comer para sobreviver, poupar para conquistar, estudar para progredir, pensar para decidir, cuidar para preservar, exercitar para manter a saúde, semear para colher.
A máxima budista continua super atual: respeitar para ser respeitado, compartilhar, ser feliz com o que a sabedoria divina lhe dá todos os dias e, acima de tudo, dar aos outros o tratamento que gostaríamos de receber.
O ser humano em geral recebe muito mais do universo do que uma flor; é tratado com mais respeito do que os animais; é dotado de inteligência para contornar mais obstáculos do que os rios; entretanto, está longe de conhecer a sua própria natureza, a fim de viver uma vida mais alegre, simples e condizente com a sua realidade.
A vida pode ser mais simples do que imaginamos. Coisas básicas como “parabéns”, “bem-vindo”, “bom-dia”, “por favor”, “muito obrigado”, “como vai” e “feliz aniversário”, ao vivo e em cores, fazem toda a diferença no mundo de hoje.
Viver a vida nesse mundo em que os valores essenciais estão sendo esquecidos ou substituídos pela frieza das mensagens eletrônicas, dos relacionamentos virtuais e da competição desenfreada por um lugar ao sol, como se o sol não tivesse nascido para todos, é algo que precisa ser repensado. Como diria Leonardo Da Vinci, há mais de 500 anos: a simplicidade é o último grau da sofisticação.
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