A única razão pela qual você deve trabalhar numa empresa
Por que você trabalha? Para quem você trabalha? O que você faz exatamente? A maneira como responde essas três questões define o seu grau de interesse ou desmotivação pelo que faz, seja qual for o cargo que você ocupa e a empresa para a qual trabalha.
Há mais de vinte anos eu circulo pelas empresas e faço essa pesquisa para embasar a minha proposta de trabalho. Na maioria das vezes, as pessoas dão respostas variadas, equivocadas e desprovidas de qualquer ambição: trabalho porque preciso de dinheiro, trabalho para o meu patrão, sou analista de RH, respectivamente, isso quando não deixam escapar que estão ali porque ainda não encontraram algo melhor para fazer.
Do ponto de vista técnico, não está errado. As pessoas são condicionadas a responder e agir de maneira automática; afinal, ganhar dinheiro honestamente é bom, trabalhar para alguém, de certa forma também é, e ter um emprego representa dignidade e senso de pertencimento.
Quando eu começo a conversar com os líderes, independentemente da posição hierárquica, a reclamação não muda: é difícil arranjar pessoas comprometidas, falta qualificação, a gente treina, treina, treina e logo as pessoas vão embora.
Onde está o problema? Os líderes estão insensíveis? A pressão é muito grande? As gerações recentes nasceram desapegadas do trabalho? A relação entre líderes e colaboradores perdeu o sentido? A busca insana por resultados destruiu nossa capacidade de formar colaboradores comprometidos?
Relaxe! Eu sei que você trabalha para se sustentar ou para sustentar a família e porque talvez não tenha aprendido a fazer outra coisa na vida senão ficar sentado o dia todo em frente ao computador para emitir ou lançar notas fiscais.
Porém a questão vai além: é impossível acreditar que alguém levanta da cama todos os dias somente para correr atrás do dinheiro ou para agradar o chefe ou ainda para não ficar em casa ouvindo lamentações da família.
E, como eu sempre digo, se você levanta na segunda pensando na sexta, existe uma grande chance de você estar trabalhando no lugar errado. Isso se confirma quando é sexta e você não vê a hora de cair fora do local de trabalho. Mas não se preocupe, existem milhares de pessoas assim, de norte a sul do país, principalmente no serviço público.
Esse é o típico pensamento de quem não gosta do que faz e não tem qualquer afinidade com a empresa. Seu único objetivo é receber o dinheiro no fim do mês e, quase sempre, reclamar do dono, do chefe e dos colegas que não validam o seu modo de pensar e agir.
De quem é a culpa? Parte do patrão, parte do líder e parte da própria pessoa. Do patrão que pensa exclusivamente no resultado e não se importa com as pessoas; do líder que não sabe lidar com pessoas ou insiste em carregar pessoas nas costas; e do colaborador que não tem ambição nem atitude para tentar ser mais feliz em outro lugar.
Insights para justificar a única razão
Então vamos direto ao ponto para entender as raízes da infelicidade no trabalho e conhecer a única razão pela qual você deve trabalhar numa empresa. E acredite, eu estou bem, já evoluí bastante, encontrei minha missão de vida e continuo acreditando no ser humano, mas só vou acreditar em você quando eu tiver certeza de que também acredita em si mesmo. Lembre-se:
- É impossível ser feliz na empresa em que próprio dono não acredita na visão, na missão e nos valores definidos no planejamento estratégico, do qual ele não participou e apenas concordou porque o concorrente o fez ou porque leu algo a respeito.
- É impossível ser feliz e ver sentido naquilo que você faz quando não existe treinamento, acompanhamento e reconhecimento do seu trabalho; quando ninguém se importa e você é tratado como um número; quando a maioria vê o que você faz como algo meramente operacional.
- É impossível ser feliz e comprometido no trabalho quando o líder não se compromete, as conspirações no corredor são frequentes, a sobrecarga de atividades é mal distribuída e as pessoas não sabem porque vieram, tampouco para onde vão.
- É impossível pensar em melhoria contínua quando o próprio dono pensa que isso é um “mal necessário” e quando não introjeta o DNA da qualidade na própria veia. Quando o exemplo não vem de cima, é inútil tentar obter comprometimento a partir de baixo.
- É impossível gerar engajamento no trabalho sem “vender” a própria empresa para seus colaboradores, ou seja, sem disseminar a ideia de que a empresa é ótima, tem vantagens competitivas duradouras, ambiente motivador, incentivo ao desenvolvimento pessoal e profissional, além de princípios e valores bem definidos.
Tudo isso depende da construção de um caminho muito claro a ser seguido, algo que nem sempre é prioridade, principalmente do empresário que só demonstra ambição ou daquele que está lutando para sobreviver no mercado.
Por essas e outras razões, são poucas as empresas que conseguem “vender” a empresa para seus colaboradores. Muitas até perderam a capacidade que tinham de promover a empresa internamente, por meio de programas de endomarketing bem estruturados e disseminados em todos os níveis da organização: estratégico, tático (gerência, coordenação, supervisão) e operacional.
Por fim, a única razão pela qual você deve trabalhar em qualquer empresa é o aprendizado, ou seja, o quanto você pode aprender como ser humano e como profissional, seja qual for o segmento, o número de empregados, o cargo e o tempo que você vai passar por lá. É a única coisa que você vai levar e aproveitar por onde passar.
Qualquer empresa ou emprego que não lhe permita crescer, contribuir e evoluir, do ponto de vista espiritual, financeiro e profissional, é sinônimo de estagnação e retrocesso. Para pensar diariamente ao acordar e antes de dormir: o que você está fazendo hoje está em consonância com seus projetos, sonhos e valores? Qual é a sua única razão para trabalhar onde você trabalha?
Quer saber mais? Leia o meu artigo O que as empresas realmente querem
