Só sei que nada sei
Quanto tempo você já estudou até hoje? Quantos cursos você já fez? Graduação, pós-graduação, mestrado, doutorado e pós-doutorado estão nos seus planos? Quantos idiomas você domina? Você acredita que já estudou o suficiente para sobreviver nesse mundo competitivo em que vivemos?
A partir da década de 1970, o segundo grau, começava a se tornar uma exigência básica para quem almejava uma vaga no mercado de trabalho. Lembro bem que entrar na Klabin, aos 15 anos, isso só foi possível pelo fato de estar cursando o primeiro ano do “científico”, atual ensino médio.
Entre os anos 1980 e 1990, o curso superior passou a ganhar importância cada vez maior na seleção de profissionais, especialmente se o candidato desejasse disputar uma vaga em empresa multinacional. Em alguns casos, o domínio de uma língua, além do português, era, no mínimo, necessário.
Por tudo isso, muitos profissionais iniciaram uma longa corrida em busca do tão sonhado diploma. O número de faculdades particulares e o de matrículas aumentaram consideravelmente, de norte a sul do país.
Contudo, o aumento da quantidade de alunos não conseguiu evitar a queda da qualidade no ensino, que virou comércio. Em todas as camadas, do primeiro, segundo e terceiro grau, a receita se tornou mais importante do que a educação.
Infelizmente, para a maioria das pessoas, o estudo era um mal necessário. Na prática, o que valia mesmo era suportar a chatice dos quatro anos de faculdade e, com algum sacrifício, botar a mão no canudo. Nascia ali a Geração Diploma.
Esse não foi o meu caso. Depois de quatro anos de Escola Técnica, ingressei feliz da vida no Curso de Administração de Empresas, rotulado na época como a opção mais indicada para quem não fosse inteligente o suficiente para passar no vestibular de Direito, Medicina ou Engenharia.
Por ironia do destino, o mundo mudou e se tornou mais dinâmico. Há muito tempo, quatro ou cinco anos de estudo eram suficientes para a vida toda, porém, atualmente, a pressão pela atualização aumenta a cada dia.
No papel de professor de cursos de Pós-graduação e MBA, tenho orgulho de transferir conhecimento para profissionais de diferentes áreas, incluindo as três áreas mais indicadas na minha época de adolescente, e isso não tem preço.
A Teoria as Inteligências Múltiplas de Howard Gardner, PhD., está mais do que comprovada. Todas as pessoas têm uma habilidade ou competência única. É a sua vocação, portanto, você pode se destacar em qualquer uma das sete áreas mapeadas por ele, basta encontrar o elemento-chave que mobiliza energia em direção à sua vocação.
Estudar não é suficiente. O mundo exige mais. Profissionais do futuro nunca vão poder parar de estudar. Numa economia mais rápida e inovadora, os trabalhadores vão precisar de aperfeiçoamento contínuo. Os mais bem-sucedidos serão os que conseguirem combinar várias especialidades.
Contando com a faculdade, foram 24 anos ininterruptos de estudo, mais cinco anos de inglês, um ano e meio de especialização, dois anos de mestrado e inúmeros cursos complementares de curta duração. Apesar dos estudos, nosso conhecimento é testado diariamente.
4 verdades sobre o educação do futuro
É necessário lembrar que a educação tradicional sofreu um duro golpe após a virada do milênio e o ensino de outrora já não surte o mesmo efeito. Além disso, com as tecnologias se renovando a cada dia, são poucas as instituições que conseguem acompanhar a nova ordem mundial do ensino, que não passa, necessariamente, pelo modelo de educação atual.
Independentemente do formato adotado, O qual vem sofrendo mudanças numa velocidade estonteante, e até difícil de acompanhar, o ensino continuará sendo exigido em todos os cantos do mundo; não há como se atualizar sem renovar o estoque diário de conhecimento.
Deixo aqui uma reflexão sobre 4 verdades imutáveis sobre o presente e o futuro da educação. Digo isso por experiência própria, orientando dezenas de profissionais desencontrados no mercado de trabalho. Isso é o que nos espera e é por isso que devemos seguir trabalhando incansavelmente.
- O fim da educação formal no seu modelo atual: a educação formal, nos moldes de hoje, está com os dias contados. É praticamente impossível formar base forte e pensamento crítico sobre as novas competências exigidas pelo mercado de trabalho atual sem uma completa restruturação do modelo atual de educação. Ninguém mais quer saber quem descobriu o Brasil, quem proclamou a república ou coisas do tipo; isso está disponível nos livros de história para quem se interessar.
- A competição acirrada vai exigir dos profissionais muito mais energia e dedicação: para subir na carreira no mercado formal de trabalho, o profissional terá de trabalhar mais e de forma inteligente, ou seja, por meio de especialização e adaptações às novas ferramentas; portanto, será necessário aumentar a sua eficiência e não a base de conhecimento.
- Aumentar a eficiência significa trabalhar mais e melhor: trabalhar mais será consequência da competição desenfreada, entretanto, trabalhar melhor será fruto do seu empenho para adquirir mais eficiência do que o seu concorrente. Como diria o sociólogo italiano Domenico De Masi, para produzir mais, precisamos trabalhar menos. Nesse caso, a especialização será uma grande vantagem competitiva, a menos que você seja um Elon Musk ou Steve Jobs ainda não revelado.
- Inteligência humana X Inteligência artificial: penso que inteligência humana não vai substituir o ser humano por completo, mas vai reduzir consideravelmente as oportunidades de trabalho onde ela não será tão necessária, uma vez que os robôs farão essa parte. A inteligência humana continuará sendo necessária, mais para o aperfeiçoamento da inteligência artificial do que para o trabalho braçal em si.
O ápice do conhecimento ocorre um pouco antes de a gente partir deste mundo: quando isso acontecer não haverá tempo para mais nada. De minha parte, confesso que continuo tentando aprender alguma coisa todos os dias.
Por fim, quanto mais eu estudo, mais tenho consciência de ainda há muito que aprender. Em suma, como diria Sócrates, filósofo grego, só sei que nada sei, portanto, nunca relaxei. Na prática, quanto mais conhecimento, mais dúvidas e necessidade de aprendizado.
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