A realidade do mercado de trabalho
Apesar do esforço coletivo dos governantes para reverter situação da economia mundial através do estímulo ao consumo, a crise financeira não dá sinal de tréguas e já atingiu até os meus amigos, vizinhos e parentes.
Quase todos os dias eu recebo currículos de conhecidos ou do amigo de um amigo que, por sua vez, acaba se tornando meu amigo e fazendo parte da minha rede de contatos. Cada vez que isso acontece, eu me lembro daquela famosa frase de Harry Truman, ex-presidente dos Estados Unidos: recessão é quando o seu vizinho perde o emprego; depressão é quando você perde o seu.
O fato é que o discurso dos livros de autoajuda é muito diferente do que acontece na prática. Pensar positivo, entregar o currículo pessoalmente, utilizar o networking e outras estratégias semelhantes nem sempre funcionam quando você mais precisa delas.
Portanto, se você não tomar cuidado, com o passar do tempo e aquele monte de bobagens que a mídia despeja ao seu ouvido todos os dias, a frustração será inevitável e voltar ao mercado de trabalho se tornar ainda mais difícil.
A realidade é que, ao entrar para o rol dos profissionais à disposição do mercado (odeio a palavra desemprego), você acaba refletindo sobre tudo aquilo que poderia ter sido feito enquanto estava empregado e agora, numa situação de desvantagem temporária, não é tão simples quanto parece como, por exemplo, procurar um novo emprego sem ter emprego.
Você já notou que as empresas procuram os profissionais somente quando eles estão bem empregados? Dificilmente alguém, por livre e espontânea vontade, bate à porta da sua casa, quando você está disponível para o mercado. Tenho a leve impressão de que a energia, a experiência, a inteligência e a capacidade de realização são demitidas junto com o profissional.
Quantas vezes, durante as discussões com o chefe ou mesmo com um colega de trabalho, você deve ter se perguntado em silêncio: o que é que eu estou fazendo aqui? Talvez estivesse ali a sua grande oportunidade de mudar a história dos acontecimentos, entretanto, você não consegue mudar o passado, mas pode reconstruir o futuro.
Eu posso afirmar de boca cheia que, depois da minha primeira e última demissão na vida, tornei-me um expert nesse negócio; portanto, como eu sempre gosto de dizer repetidamente, se existe algo com que você não deve se preocupar é o afastamento temporário do mercado de trabalho.
Como diziam nossos sábios avós, é no andar da carruagem que as abóboras se ajeitam. Além do mais, de tempos em tempos o mundo passa por crises e aqueles que mantêm o otimismo e a cabeça no lugar, sobrevivem.
Por conta disso, ainda que você consiga relaxar e dar tempo ao tempo, você não pode se distanciar da profissão, tampouco ignorar a crise, uma vez que as contas continuam chegando e o dinheiro é algo que não se multiplica sem a contrapartida do estímulo, quer pelo trabalho, quer pela administração correta do excedente.
Conclusão: você precisa retornar ao mercado de trabalho o mais rápido que puder, a menos que esteja pensando em abrir um negócio por conta própria, o que, em muitos casos, pode ser a melhor opção. Se for esse o seu desejo, tente mudar radicalmente a sua estratégia e comece a pensar como empreendedor.
Dicas úteis para retornar ao mercado de trabalho
Para facilitar a vida de quem se encontra em situação semelhante, aqui vão algumas dicas que considero úteis para acelerar o processo de retorno ao mercado de trabalho. Deram certo comigo várias vezes, entretanto, devo lembrar que cada um tem a sua história e isso é algo que somente a própria pessoa pode mudar.
Nada de ficar em casa esperando a morte chegar, remoendo o fato e tentando entender o motivo; isso provoca insegurança na família; não existe razão, existe o fato consumado, portanto, levante a cabeça e encare mais um dos inúmeros obstáculos que ainda terá pela frente nos próximos 50 anos;
Prepare o currículo, selecione as empresas que valem a pena arriscar o contato e, dentro do possível, entregue-o pessoalmente, ainda ais se você tiver um conhecido na empresa; o ditado ainda vale: quem não é visto não é lembrado;
Acorde cedo, reflita, concentre-se, leia tudo o que puder a respeito das novas oportunidades no mercado de trabalho; nossa mente é incrível e vai processando as informações de maneira proporcional ao nosso esforço; você nunca sabe de onde pode vir uma luz;
Utilize o networking a seu favor; eu fui demitido numa segunda-feira pela manhã; de tarde chorei um pouco, pensei na vida e fiquei com a família; de terça a sexta eu visitei 32 empresas do meu círculo de relacionamento; dentre elas havia empresas de clientes, de amigos e de fornecedores da empresa onde eu trabalhava; eu me apresentava como alguém “disponível para novos desafios”;
Utilize a Internet e o e-mail a seu favor; tenha sua própria lista de e-mails, dispare alguns de vez em quando, exceto aquelas correntes de anjinhos que servem mais para tomar o tempo dos seus amigos do que para ajudá-los a lembrar que você está à procura de emprego;
Mantenha o foco: pense no que você quer realmente fazer; em geral, todos querem sobreviver, mas se você tiver foco, será mais efetivo e desperdiçará menos energia; não adianta atirar o currículo para todos os lados, Comercial / Financeiro / RH/Logística/Produção, ou seja, o que vier eu aceito; as empresas precisam cada vez mais de especialistas;
Leia livros, muitos livros: não desperdice o precioso tempo que lhe foi concedido, portanto, aproveite para colocar em dia a leitura, abrir a cabeça, buscar novas ideias e elevar o seu padrão de conhecimento. A leitura é um senhor antídoto contra as bobagens que insistem em perambular pela nossa cabeça em épocas de crise. A leitura vai ajudá-lo a manter a cabeça no lugar. Comece pelos meus, não vai se arrepender.
Sem mais, é isso, tudo muda muito rápido e recomeçar é uma arte que depende muito mais do esforço próprio do que do próprio mercado de trabalho, pode acreditar.
Quer saber mais? Leia o meu artigo O que as empresas realmente querem?
Conheça minhas Palestras e Treinamentos
Visite meu Canal no Youtube. Clique em Jerônimo Mendes
