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Quem precisa de currículo? [5 dicas para os dias atuais]

Currículo ainda vale a pena?

Paradoxalmente, na medida em que eu parei de enviar currículos para empresas, as oportunidades surgiram com muito mais frequência na minha vida, em diferentes campos de atuação: consultorias, mentorias, palestras, treinamentos e na docência. Faz muito tempo que eu não me preocupo mais com isso.

Quando você lê o currículo de alguém, é bem provável que encontre 5, 10 ou 20 anos de realizações extraordinárias e nenhum erro de digitação. Por quê? Isso se deve ao simples fato de que fomos treinados desde pequenos para não errar.

Dessa forma, ainda que as pessoas não possuam certas habilidades, é interessante colocar somente coisas boas no currículo, inclusive idiomas que não dominam com perfeição. Contudo, a maioria das pessoas que inventa algo no currículo sempre acaba traída pela síndrome do impostor.

De maneira geral, as empresas buscam pessoas livres de defeitos, com ampla experiência, tecnicamente capacitadas, comprometidas ao extremo, com alto quociente de adversidade, inglês, espanhol e até mandarim fluente, dispostas a trabalhar em qualquer lugar do mundo.

De acordo com Seth Godin, guru do marketing, as empresas contratam pela perfeição, gerenciam pela perfeição, avaliam pela perfeição e, na maioria dos casos, recompensam pela perfeição. Então, qual é a surpresa com as pessoas que gastam anos tentando atingir a perfeição? Quem precisa de currículo?

O grande problema do currículo é que ele nunca chega sozinho na mesma empresa. Juntam-se a ele milhares de outros currículos enviados de diferentes fontes e círculos de relacionamentos, a cada minuto, todos os dias, por meios eletrônicos.

Se o envio for feito por e-mail, de forma aleatória, sem qualquer vínculo com o recebedor, existe uma grande probabilidade de que vá direto para o lixo eletrônico. O fato é que a maioria das empresas não disponibiliza vagas em jornais e poucas são aquelas que analisam currículos recebidos por e-mail, a menos que a indicação tenha sido feita por alguém do círculo de relacionamentos do contratante.

Ser bom é muito fácil nos dias de hoje. Todas as pessoas que conheço lutam para se tornarem boas naquilo que fazem. Em geral, o mercado precisa de profissionais com boa iniciativa, experiência, formação compatível e domínio de um ou dois idiomas.

Na prática, isso é o que se chama de commodity, coisas que todo mundo faz, várias empresas fabricam e o planeta inteiro precisa, ou seja, o básico. Agora, ser requisitado, disputado, comentado e cultuado sem precisar de currículo atende a uma questão fundamental: Você é indispensável e único naquilo que faz?

No mundo extremamente competitivo e inteiramente conectado de hoje, a melhor forma de apresentar o seu currículo é se tornando uma referência naquilo que faz. Quando você imprime foco no trabalho e se torna um especialista, ao contrário do que dizem por aí, você cria seguidores.

Em geral, generalistas conseguem emprego e ganham o suficiente para sobreviver. Especialistas tornam-se referência e são disputados a peso de ouro, principalmente quando se trata de especialidades ligadas à tecnologia.

Você confiaria seus lindos olhos a um cirurgião geral para correção de miopia? Lembre-se da máxima de Jack Trout e Al Ries, em seu fantástico livro Posicionamento – a batalha por sua mente: quem quer ser tudo para todos acaba não sendo nada para ninguém.

O seu melhor currículo nos dias de hoje

Se as empresas não querem mais currículos, como é que você pode ser encontrado? Aqui vão algumas dicas que poderão ajudá-lo a melhorar o seu “fator de localização” no disputado mercado de trabalho:

Presença nas redes sociais: Facebook, Instagram, Youtube e, principalmente, Linkedin. Goste ou não goste, não se pode mais ignorá-los, entretanto, se a sua principal mensagem nas redes sociais for algo do tipo “pessoal, tô indo nanar”, dificilmente alguém vai contratá-lo por isso.

Nem bom nem perfeito: ser bom significa ser mais um na multidão; ser perfeito significa que não há mais nada para melhorar; portanto, seja único; diferente e com vantagens competitivas bem definidas.

Seja onipresente: se você está temporariamente fora do mercado, ninguém vai até a sua casa perguntar se você precisa de emprego e quer ganhar 10 mil reais por mês; talento e preparação você já tem; o que você precisa é encontrar a oportunidade e isto só é possível quando você aparece, conversa, pede e se faz presente.

Torne-se uma referência: não importa se você é jardineiro, pintor ou cozinheiro; sua dedicação e a sua forma única de fazer o que faz criarão o marketing que tanto precisa para ser localizado. Por que você atravessa a cidade para consultar o seu o dentista se perto da sua casa existe outro tão bom quanto ele?

Amplie sua rede de relacionamentos: mais de 90% das oportunidades de emprego, consultoria e trabalho em geral não está disponível na internet; mantenha contato com todas as pessoas que, de alguma forma, podem ajudá-lo; ofereça algo de valor primeiro e a lei da reciprocidade entrará em vigor.

Por fim, lembre-se de que o seu melhor currículo é a sua história pessoal e profissional. Se a história for boa, não há porque se preocupar com o currículo; o mundo lembrará de você enquanto estiver por aqui e sentirá sua falta quando for embora. Se não for boa, só você tem o poder de mudar essa realidade.

Gostou? Comente, compartilhe, retribua por todo conhecimento adquirido.

Quer saber mais? Leia o meu artigo Identidade e autoestima [os 6 pilares]

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