Preguiça e covardia: características dos fracos de espírito
De acordo com Immanuel Kant, filósofo alemão, a preguiça e a covardia são as causas pelas quais uma tão grande parte dos homens (seres humanos), depois que a natureza de há muito os libertou de uma direção estranha, continuem, no entanto, de bom grado menores durante toda a vida.
Significa dizer que o ser humano, mesmo tendo o ser humano se libertado da ignorância, é capaz de permanecer dentro dela por comodidade, preguiça e covardia, o que o torna menor ainda pelo fato de ter experimentado o conhecimento e ter decidido permanecer na escuridão.
Quase dois séculos e meio depois, o pensamento de Kant continua vivo nas sociedades mais e menos civilizadas, no submundo do crime, na podridão da política, do executivo e do judiciário e no ambiente corporativo, foco deste artigo.
Preguiça e covardia lhe parecem muito agressivos? Kant vai mais longe quando afirma que o homem é a única criatura que precisa ser verdadeiramente educada. Pensar por si mesmo exige muito esforço e desprendimento dos pensamentos alheios, sacrifício que poucos estão dispostos a realizar.
Para que pensar, diriam os ignorantes, se o governo deve fazer isso por nós? Filosofia não oferece conforto, dinheiro e bens materiais tampouco favorece o aparecimento na mídia. Como dizia Emerson, o grande pensador norteamericano, a tarefa mais difícil do mundo é pensar, razão pela qual poucos se dispõem a fazê-lo.
A maioria das pessoas prefere ser refém dos pensamentos alheios, das frases prontas, dos governantes egoístas que se valem da ignorância coletiva para manipular a ordem do judiciário, do legislativo e do próprio executivo, em benefício de uma multidão que se encanta com poder, microfones, palcos, viagens e multidões.
A ignorância faz com que o homem renuncie aos seus valores e entregue sua alma para seitas e religiões sem o menor fundamento, cultue hábitos estranhos de vida e admire heróis fabricados da noite para o dia.
Preguiça e covardia hão de tornar a pessoa refém da ignorância alheia, representada por políticos inescrupulosos, profetas de araque, criminosos de toda ordem e outros agentes de promoção da escravidão humana, que há muito tempo deixou de ser uma violência física para se transformar em uma violência moral.
Há um tempo na vida em que emprestar os pensamentos alheios é quase um imperativo. Precisamos de amigos, heróis, filósofos, mentores, professores e pensadores que ajudem a fundamentar a nossa base intelectual e moral.
E por um bom tempo ainda, o ser humano permanece refém da aprovação alheia, afinal, perfeição e unanimidade são características difíceis de se alcançar nem deveriam ser almejadas, para o nosso próprio bem e para o bem da humanidade.
A internet facilitou o acesso à informação, mas não promoveu o conhecimento e a sabedoria. Em tese, existe muita informação e pouco conhecimento, motivo pelo qual a discussão se perde num mar de ignorância. Ignorância, a preguiça e a covardia dão menos trabalho.
Quando isso ocorre, a discussão se torna vazia e fortalece a passividade em relação aos desmandos de qualquer natureza, e à hipocrisia que amplia ainda mais o abismo entre a ignorância e a sabedoria.
Preguiça e covardia na sociedade atual
De fato, a sociedade nunca foi tão passiva em relação aos acontecimentos que provocam dor e indignação, algo que, em outros tempos, seria motivo de luta, revolução, renúncia, caras pintadas e passeatas nas ruas.
Ter conhecimento é diferente de ter informação. O conhecimento liberta, o excesso de informação confunde. Por vezes, o próprio conhecimento mal administrado escraviza. De nada adianta a informação quando o discernimento é nulo e não se sabe o que fazer com ela.
E o que é mais triste, quando a pessoa sabe o que fazer, mas se entrega aos encantos das promessas não cumpridas, dos sorrisos dissimulados e das mentiras deslavadas.
Lamentavelmente, com relação ao Brasil, vive-se numa sociedade que aprendeu a se contentar com o mínimo, influenciada por discursos evasivos e por bobagens que se multiplicam em progressão geométrica na internet. As curtidas são o novo ópio do povo.
Por tudo isso, a mente se torna poluída pelo excesso de propagandas sobrecarregadas de corpos, caras e bocas bem ornamentados e muito bem remunerados pela empresas que desembolsam milhões para tomar de assalto a sua mente e o seu bolso, com aquela falsa premissa de que ter é mais importante do que ser.
Portanto, não acredite em tudo que você vê, ouve e lê, mesmo que a ideia seja minha. Questione a tudo e a todos, inclusive a si mesmo. Quanto mais você questiona, menos escravo se torna dos pensamentos alheios. Pensar por si mesmo e aprender a discernir são armas poderosas que qualquer ser humano pode utilizar contra todos os tipos de dominação social.
Onde quer que você esteja, faça o que puder, não relaxe, não conspire nem critique algo do qual você faz parte e tem plenas condições de ajudar a tornar um lugar melhor. Vale para a vida pessoal e para a vida profissional.
Em geral, as empresas estão cheias de problemas que podem ser resolvidos por pessoas de dentro da própria empresa; entretanto, muitas pessoas continuam remando contra, criticando o patrão e esperando reconhecimento sem protagonismo, sem esforço, sem a devida contrapartida.
Preguiça e covardia são características dos fracos de espírito, portanto, espelhe-se nos pensamentos alheios para construir o seu, mas nunca permita que eles o influenciem a ponto de fazê-lo perder a sua própria identidade.
De acordo com William James, psicólogo norte-americano, a maior revolução da nossa geração é a descoberta de que os seres humanos, ao mudar suas atitudes mentais, podem mudar suas vidas. É simples assim!
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