O que é competição?
A competição é uma característica intrínseca ao ser humano, presente desde os primórdios da nossa existência. Começamos a vida competindo por recursos essenciais à sobrevivência, como água, comida e abrigo. Na pré-história, disputávamos cavernas e territórios para nos proteger das ameaças naturais e garantir a perpetuação da espécie.
À medida que as sociedades se formaram, a competição evoluiu. Buscávamos aceitação nas tribos, o que nos proporcionava proteção e segurança, mesmo que isso implicasse sacrifícios pessoais. Com o tempo, o conceito de poder emergiu, e as lideranças se estabeleceram por meio da força e da união de interesses.
A competição está enraizada em nossa natureza antropológica. Pense nisso: quem foi o primeiro a alcançar o óvulo materno? Você, o vitorioso, superando milhares de concorrentes naquela maratona desenfreada de espermatozoides.
Esse triunfo nos tornou frutos do que o escritor e cientista Richard Dawkins chama de “gene egoísta”, que consolida nossa natureza competitiva.
Desde o nascimento, manifestamos essa competição de diversas formas: chorando por leite materno, brigando com os irmãos, empurrando coleguinhas na frente da câmera para sair sozinho na foto. Somos moldados por essa força, a ferro e marteladas, como bem disse o ensaísta e poeta Ralph Waldo Emerson.
Na sociologia, a competição é frequentemente estudada como uma dinâmica social que influencia as interações e relações entre indivíduos e grupos. Ela pode surgir em diferentes contextos sociais, como no mercado de trabalho, na educação, na política, nas relações familiares, entre outros.
A competição pode envolver tanto uma busca individual por vantagens e benefícios, como disputas entre grupos ou classes sociais.
Robert E. Park e Ernest W. Burgess descrevem a competição como um processo fundamental e universal de interação. Dos quatro grandes tipos de interação (competição, conflito, acomodação e assimilação), a competição é a forma fundamental.
Ela ocorre quando os concorrentes identificam uns aos outros como rivais ou inimigos. A competição pode ser vista como uma interação sem contato social, pois envolve a busca por vantagens sem necessariamente haver comunicação direta entre os competidores.
À medida que a sociedade evolui, a competição se intensifica, tornando-se implacável e, por vezes, insana. A tristeza pela demissão de outrem coexiste com a alegria de nossa própria promoção. Muitas vezes, competimos sem compreender exatamente por quê, influenciados pelo pensamento alheio.
A base espiritual do ser humano, por vezes frágil, oscila entre a verdade e a opinião dos outros, tornando-nos reféns de nossos próprios desejos. A sociedade exige incessantemente mais, levando muitos a viverem de aparências, consumindo e gastando além de suas capacidades.
A competição se desdobra de diversas maneiras:
- A sociedade nos moldando: constantemente, a sociedade tenta nos fazer diferentes daquilo que desejamos ser.
- Políticos corrompendo e sendo corrompidos: valores e princípios são sacrificados em prol das vantagens proporcionadas pelo cargo.
- Jovens ociosos e o aumento da violência: alguns jovens, ociosos e desesperançados, recorrem a assaltos e assassinatos para obter bens materiais e carreiras que outros cidadãos levaram anos para conquistar.
- Profissionais inescrupulosos: em todos os níveis hierárquicos, profissionais aguardam o momento propício para derrubar colegas e assumir seus lugares.
- Herdeiros incompetentes: brigas judiciais por um único bem deixado por pais falecidos revelam a ganância e a falta de habilidade desses herdeiros.
- Vizinhos incomodados: mudanças de casa e carro são feitas para evitar conviver com pessoas de hábitos e gostos semelhantes.
O lado bom da competição
- Estímulo ao Desenvolvimento: A competição pode motivar as pessoas a se esforçarem mais, aprimorarem suas habilidades e alcançarem metas.
- Inovação e Criatividade: A busca por superar os outros muitas vezes leva à inovação e à criação de soluções melhores.
- Melhoria da eficiência: A competição pode levar a uma alocação mais eficiente de recursos e a uma maior produtividade.
O lado ruim da competição
- Estresse e ansiedade: a pressão para vencer pode causar estresse e ansiedade excessivos.
- Desigualdade e exclusão: Nem todos têm as mesmas oportunidades na competição, o que pode levar à desigualdade e à exclusão.
- Comportamento antiético: Em busca da vitória, algumas pessoas podem recorrer a práticas antiéticas ou prejudiciais.
Em resumo, a competição permeia nossa existência, moldando nossas escolhas e relações. Ela nos impulsiona a superar desafios e pode nos levar a extremos. Cabe a nós encontrar um equilíbrio saudável e consciente nesse cenário competitivo.
Enquanto alguns desejam bem mais do que uma posição de respeito na sociedade, outros desejam apenas o respeito da sociedade. A natureza competitiva do ser humano é imutável, entretanto, não se pode perder a ternura e o respeito pela dignidade alheia.
Entre os animais irracionais, a luta é pela sobrevivência pura e simples e isso é compreensível, embora as cenas de violência nos causem incômodo. Em relação aos seres humanos, apesar de a luta também ser pela sobrevivência, a irracionalidade nos causa espanto e perplexidade.
As palavras de Charles Darwin, em A Origem das Espécies, são apropriadas para encerrar este artigo: não é o mais forte que sobrevive, nem o mais inteligente, mas o que melhor se adapta às mudanças.
Por fim, se o sol nasceu para todos, adaptar-se às mudanças não significa dizer que os demais estão condenados à escuridão. Na corrida da vida, a competição não é com os outros, mas sim com o nosso eu anterior.
Lembre-se sempre: a competição pode ser uma oportunidade para crescimento e superação pessoal, se for utilizada para o bem; porém, se utilizada com más intenções, pode ser o início da ruína de qualquer ser humano. É simples assim!
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