Origem e significado das palavras otimismo e otimistas
Eu sou um otimista de nascença, portanto, vou explicar aqui o verdadeiro significado do termo em poucas palavras, para nunca mais esquecer, afinal, otimistas estão sempre imaginando que podem contribuir mais.
A palavra otimismo vem do latim “optimus” (ótimo), portanto, aquele que possui muita “opes”: riquezas, dons, qualidades ou recursos. Com o tempo, passou a ser utilizado como superlativo de bônus, ou seja, bom, algo digno de exemplo, admiração e respeito.
Otimismo é uma espécie de atitude, comportamento ou habilidade essencial para o ser humano no sentido de fazê-lo enxergar as oportunidades, os acontecimentos e as mais adversas situações de maneira agradável e positiva.
Ao contrário do otimismo, o pessimismo é um tipo de atitude que leva a pessoa a supervalorizar os aspectos negativos e sombrios ainda que a situação não pareça ser tão ruim como se pressupõe. Ambos enxergam as mesma coisas, porém sob ângulos diferentes.
De maneira simples, otimismo é atitude ou uma qualidade daqueles que veem o mundo da melhor forma possível ou para quem a soma dos bens ultrapassa a soma de todos os males. Pode ser interpretado também como certa tendência daqueles que se consideram satisfeitos com o atual estado de coisas.
Pessimismo na prática
Durante muito tempo eu fui representante de vendas de uma grande companhia multinacional de petróleo. Na prática, eu era vendedor, um título mais simpático, com carteira assinada e tudo o que tinha direito em termos de benefícios.
Segundo diretrizes da empresa, era para enobrecer o cargo e gerar mais respeito perante os clientes, como se a profissão de vendedor não fosse nobre o bastante para merecer o respeito que o mundo dos negócios atribui a ela.
Eu mantinha uma rotina semanal de visitas com uma meta arrojada de vendas a cumprir, burocracia até a raiz dos cabelos e aquele ar superior de quem conseguiu um bom emprego numa grande corporação, mas toda profissão tem seus percalços.
Um dos meus clientes era uma pessoa pessimista e eu ficava remoendo diariamente se deveria visitá-lo e quanto tempo deveria gastar com ele para me livrar o mais rápido possível de ser contaminado pela suas dores e reclamações. Otimistas sofrem na presença de pessoas pessimistas.
O fato é que eu não tinha como escapar do sujeito assim tão fácil e vez por outra eu deveria enfrentar a realidade, porém todas as circunstâncias geram aprendizado de alguma forma, desde que se saiba obter a leitura correta e extrair algo proveitoso da situação.
Numa dessas visitas, eu sabia de antemão que o filho dele havia passado no vestibular em Curitiba e imaginei encontrá-lo radiante. Talvez também tivesse raspado a cabeça para prestigiar o menino ou ainda tivesse mandado preparar um carneiro para o jantar, daqueles que ficavam rondando o estabelecimento o tempo todo e comendo a grama somente para ele não ter que desembolsar uns míseros trocados para o jardineiro.
E lá estava eu, senhor de si, tentando parecer animado, cheio de amor e otimismo: tudo bem, seu Paulo? Há quanto tempo, como tem passado?
Como todo bom cliente, ele não deixava por menos e o sermão estava na ponta da língua: Quanto tempo, digo eu! Esqueceram que eu existo? Pensei que a empresa havia falido. Não me venha com conversa, você sabe que eu ando muito mal das pernas, sem dinheiro, olhe só pra mim.
Fiel escudeiro de uma grande corporação, rapaz bem treinado, eu insisti no assunto: que nada, seu Paulo, anime-se, o tempo melhorou, as vendas estão reagindo, a chuva deu uma trégua, a colheita agora sai, é questão de dias.
Porém, o homem era duro: fogo de palha, não vai dar em nada, daqui a pouco chove, vai por mim, minha coluna está doendo um bocado e quando isso ocorre, pode escrever, é chuva na certa.
Eu permaneci impassível, com aquela vontade incontrolável de mandá-lo para algum lugar bem longe dali, mas pensei no meu emprego e na minha família, então, perguntei serenamente: e o filho, seu Paulo, tá contente? Soube que ele passou no vestibular, meus parabéns!
Parabéns? Isso é pura vadiagem. Veja só o que ele me arranjou, mais quatro anos de despesas e dor de cabeça em Curitiba. Isso se o bicho conseguir sair em quatro anos.
Daquele momento diante, apesar de ser um otimista de nascença, iniciei a contagem regressiva e não vi a hora de dizer adeus. Depois de sair, fiquei imaginando o tempo todo, enquanto fazia o caminho de casa: o que leva uma pessoa assim a optar pelo sofrimento?
Otimismo: escolhas e consequências
Existem pessoas que não conseguem dar um passo sem associar desgraça ao mais simples acontecimentos. São aquelas que passam pela vida, mas não vivem a vida na sua plenitude. Algumas se mordem de raiva ao menor sinal de sucesso alheio, outras se deleitam ante a tristeza dos outros.
Provavelmente, essa história está ligeiramente associada a uma série de acontecimentos, ressentimentos, mágoas e rejeições carregadas desde a mais tenra infância. Um caso como esse é algo tão pessoal e delicado que somente o próprio ser humano, por livre e espontânea vontade, pode mudar.
Conviver com pessoas negativas ou pessimistas exige um exercício de paciência e ao mesmo tempo de solidariedade. O cuidado que se deve ter é o de não se deixar contaminar pelos problemas e aborrecimentos alheios.
Olhe ao redor, avalie a quantidade de pessoas que vivem relativamente bem com carro à disposição, ótimo emprego, uma boa casa, boa saúde, uma bela família e assim mesmo insistem no discurso da falta de sorte na vida.
Escolhas e consequências, diria o grande Pablo Neruda, poeta chileno. Você é livre para fazer suas escolhas e será sempre refém das suas consequências, portanto, tudo tem um preço. Na condição de otimista, muitas portas se abrem; na condição de pessimista, todas as portas se fecham.
Em casa, lembrei-me da parábola dos cachorros, contada por um velho índio. Dentro de cada um de nós existem dois cachorros que discutem o tempo todo: um deles se chama raiva e o outro, compaixão. Quando alguém se aproximou do índio e perguntou: amigo, qual dos dois é capaz de ganhar a briga? É muito simples, respondeu o índio: aquele que você alimenta.
O mundo é dos otimistas
Durante a vida nunca estaremos livres da convivência com pessoas pessimistas, mas posso garantir que existem muito mais pessoas otimistas do que pessimistas no mundo.
Por tudo isso, aqui estão algumas lições fundamentais que colecionei ao longo da vida e faço questão de compartilhar durante as minhas aulas, palestras e treinamentos. Vale a pena conferir:
- Tudo na vida é aprendizado e as pessoas que cruzam o seu caminho, independentemente do seu estado de espírito, sempre tem algo a ensinar. No caso dos pessimistas, basta fazer exatamente o contrário.
- Dificilmente haverá espaço no mundo para pessoas que lamentam o tempo todo em vez de contribuir para torná-lo mais humano, mais alegre, menos violento e mais produtivo.
- Otimismo e pessimismo são estados de espírito e, semelhante à parábola dos dois cachorros, dependem da forma como você os alimenta.
- É impossível levantar cheio de otimismo todos os dias; há dias em que o pessimismo prevalece, mas na maior parte deles, o otimismo faz a diferença.
- Torça para o sucesso dos seus amigos, conhecidos ou desconhecidos, e reze pelos inimigos; desejar-lhes o bem é uma ótima chance mudar o estado de espírito e de afastar definitivamente o pessimismo da sua vida. Ser otimista também é torcer pelos outros.
- Respire otimismo em todas as suas realizações; nenhuma situação de desconforto é duradoura e todas as adversidades são válidas para o crescimento pessoal e profissional. O mundo é dos otimistas.
Se tudo isso não funcionar, lembre-se daquele antigo provérbio budista: não é o que lhe acontece, mas o que você faz com o que lhe acontece. Para os otimistas, é difícil, mas é possível; os pessimistas têm o dom de inverter a lógica: é possível, mas é difícil.
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