O cargo e as 7 deficiências da aprendizagem
O propósito principal de Peter Senge ao escrever A Quinta Disciplina era ajudar organizações a desenvolverem a capacidade de aprendizagem em equipe, a fim de enfrentar os desafios e mudanças constantes do ambiente empresarial.
Senge acreditava que a maioria das organizações tinha dificuldades em aprender e se adaptar rapidamente às mudanças, e que a única maneira de superar essas dificuldades era por meio do desenvolvimento de uma cultura de aprendizado em equipe.
Ao promover a ideia de aprendizagem em equipe, Senge esperava que as organizações pudessem se tornar mais flexíveis, inovadoras e capazes de lidar com as mudanças e desafios do mercado.
“Eu sou meu cargo” é uma das 7 deficiências de aprendizagem identificadas por Senge durante a pesquisa realizada em parceria com Arie De Geus, na época. A essência e o propósito do seu trabalho continua muito presente nas organizações, 30 anos depois da primeira edição do livro.
Por que as pessoas ainda se importam com o cargo?
De acordo com Peter Senge, “eu sou meu cargo” é uma das 7 deficiências da aprendizagem em qualquer organização. Em geral, as pessoas são treinadas para exercer a lealdade ao cargo que ocupam, tanto que chegam a confundi-lo com a própria identidade.
Quando alguém pergunta a uma pessoa o que ela faz para viver, a maioria descreve as tarefas do seu dia a dia e não o propósito maior da empresa onde trabalha. Elas não são treinadas para isso.
Os profissionais não estão preocupados com a visão, a missão e os valores da organização, mas com a manutenção do cargo e do sobrenome da empresa, mediante a pressão que os chefes exercem na busca pelos resultados.
De fato, a maioria dos profissionais se vê dentro de um sistema sobre o qual tem pouca ou nenhuma influência, aquilo que Gareth Morgan, pesquisador canadense, atribuiu como metáforas em seu clássico Imagens da Organização.
Para Morgan, as organizações são em essência realidades socialmente construídas que estão muito mais nas cabeças e mentes dos seus membros do que em conjuntos concretos de regras e relacionamentos.
Assim, as pessoas associam o nome, o cargo e a própria carga de trabalho para criar uma metáfora pela qual são capazes de lutar ou amaldiçoar pelo resto da vida, coisas do tipo “a empresa é uma mãe para mim”, “ganho pouco, trabalho pouco” ou algo como “meu nome é trabalho”.
Quando um profissional se concentra exclusivamente no cargo que ocupa e faz do nome da empresa o seu sobrenome, tanto faz se os resultados são bons ou ruins. Para ele, se os resultados são bons, ninguém reconhece o seu desempenho; se são ruins, torna-se difícil descobrir os motivos do fracasso e resta então presumir que alguém, exceto ele, cometeu alguma besteira.
A maioria das empresas apresenta enormes indícios de problemas, mas estes são ignorados, geralmente pelos responsáveis principais, donos, diretores e gerentes, até que uma consequência maior possa obrigá-los a assumir o comando do navio, quase sempre quando não se pode mais evitar o naufrágio.
Nas minhas andanças pelas empresas fico chocado quando o assunto é cargos e salários. Qualquer tentativa de ajuste do cargo ou da função, dentro de uma nomenclatura mais adequada para o momento em que vivemos, gera frustrações e descontentamento.
Imagine que cargos e funções do tipo “pegador de papel”, isso mesmo, “calandrista”, “mexedor de massa” ou “aparador de bobinas” ainda são cultuados em carteiras profissionais. E ai daquele que se atreve a mudar. É motivo para reclamação no sindicato e coisas do gênero.
Imagine então quando o ajuste precisa ser feito em nível de diretoria ou gerência. Não é fácil promover um “mergulho” no cargo de diretor para gerente ou de gerente para coordenador. Orgulho e ego se unem para combater essa heresia corporativa e o resultado, quase sempre, é a dor da demissão.
A sua missão é mais importante que o cargo
Goste ou não, cargos são extintos, chefes são transitórios, denominações mudam empregos tradicionais deixam de existir. Depois de alguns anos, se você estiver agarrado ao cartão de visitas, não haverá como alegar surpresas no dia do juízo final corporativo.
Por outro lado, se você se empenhar de corpo e alma em algo que lhe proporcione prazer, sentido de realização e sentido de contribuição, conseguirá se ver de maneira mais valiosa e nunca ficará preso a cargos e crachás.
Nesse sentido, ter consciência absoluta das suas forças e fraquezas e nas suas habilidades pessoais e profissionais é de fundamental importância para construir a sua própria identidade no mercado e vislumbrar um novo cenário na sua trajetória profissional.
Lembre-se: quanto mais preso ao cargo você estiver, maior a dificuldade de explorar novas possibilidades. Portanto, aproveite seus talentos, habilidades, virtudes e competências para construir uma nova identidade, aquela que você vai carregar até o fim da vida.
Seja o profissional que você deseja ser, mas seja o melhor de todos. Isso é uma questão de posicionamento e de confiança em si mesmo. Tente não fazer do emprego um trampolim para outro, ou seja, estar ali enquanto não encontra nada melhor. Além de canalizar toda energia em algo que não agrega valor, ainda vai depreciar sua imagem no mercado.
Se você tem emprego, mas não tem amor pela profissão, ainda tem um longo caminho a percorrer. Se você tem emprego e dedica-se de corpo e alma para fazer o seu melhor, independentemente do cargo, o seu futuro tende a ser mais promissor.
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