O começo da minha história de vida
Eu nasci há 736 meses e alguns dias. Por enquanto, foram 2.928 semanas, 22.450 dias, 538.760 horas e 32.325.120 minutos ininterruptos de respiração, intercalados entre várias emoções: alegria, tristeza, angústia, êxtase, decepções e comemorações.
Era domingo. Lembro como se fosse hoje. Minha mãe alternava entre picos de dor e angústia, por conta de um parto normal, realizado em casa, e pela ausência do meu pai, que me conheceu ao retornar de viagem, dias depois.
Confesso que não foi ruim. Não senti dor nem fome nem tristeza. Chorei um pouco quando levei uma bofetada no traseiro. Naquele exato momento, me dei conta de que deixaria o conforto do útero materno para tomar uma estrada longa e desafiadora até o fim.
O ditado devia ser um pouco diferente. A gente nasce sem pedir, apanha sem merecer e vai embora sem querer. De lá para cá são 60 anos de vida bem vividos. Aprendi a não reclamar. Estou na terceira fase da vida, considerando o meu projeto de não morrer antes dos 100 anos.
Se for antes dos 100, tudo bem, mas se não for, o que é que tem? Contudo, espero que a vida seja da melhor forma possível. Trabalho pra isso, me cuido um pouco, aproveito cada minuto, detesto perder tempo. Sendo humano, relaxo de vez em quando e me dou ao direito de não fazer nada, mas não perco meus objetivos de vista.
Conheço gente que realizou muito mais em menos tempo. Steve Jobs, por exemplo, um ser humano iluminado; Ayrton Senna, outro mais iluminado ainda. Diria que são do outro mundo, mas quem não é. Estamos aqui por acaso e podemos nos encontrar no mesmo lugar algum dia, mas isso não importa. Cada um tem a sua história.
De fato, você tem a sua e eu tenho a minha. São histórias diferentes de todas as pessoas ao nosso redor embora as histórias se cruzem ao sabor da história, ou do destino, se preferir. Não me comparo nem quero que se compare. Não vale a pena o sofrimento. Histórias por si só são histórias que o tempo se encarrega de enterrar ou preservar.
Esse é o lado bom da vida: a possibilidade de viver a sua própria história, não as histórias alheias. Não posso nem devo reclamar da minha. Confesso que vivo bem. Poderia ter feito mais? Penso que sim, mas penso também que não se reverte o passado, portanto, gosto de olhar para frente.
A esperança, o novo, as possibilidades de mudança, o futuro que ainda reside em nossas mãos, isso é o que vale. O resto é bobagem, dor, conspiração, sofrimento desnecessário, comparações e justificativas inúteis. Fácil é acreditar num futuro melhor, difícil é lutar para que isso aconteça.
O meio da minha história de vida
Eu poderia escrever aqui um cabedal de realizações, pequenas, mas de grande importância, outras maiores, de menor importância. Já escrevi bastante, fiz muitos cursos, estudei mais do que devia, menos do que gostaria, casei uma só vez e tenho 2 filhos maravilhosos.
Na prática, tive momentos bons e ruins, fui mau e bom ao mesmo tempo, ajudei e recebi ajuda, ganhei e desperdicei dinheiro. Valeu a pena? O grande Fernando Pessoa que o diga. Qualquer coisa diferente disso é especulação.
O tempo presente é experiência. O tempo futuro é desafio. Em termos de futuro, o que é importa é saber se a nossa experiência será capaz de superar os desafios. Nossa história será contada pela quantidade de desafios superados. Não importa o tamanho da sua história, precisa valer a pena.
No começo da história, o que realmente importa é o primeiro passo, a fé em si mesmo, a esperança no futuro, o uso do gênio criativo, a certeza de que é possível conquistar o mundo por meio da inteligência, do esforço e do otimismo.
No meio da história, o que importa é estar pulsando, respirando, fazendo acontecer, planejando os próximos cinquenta anos, construindo a resiliência a cada tropeço, mudando a cada decisão equivocada, vivendo cada segundo como se fosse o último.
O fim da minha história de vida
No fim da história, como diria Jorge Luís Borges, poeta argentino, espero ter tomado muito sorvete, contado muitas piadas, ajudado muitas pessoas, subido muitas montanhas, viajado bastante, chorado por coisas que valeram a pena.
Não quero partir sem ter dividido múltiplas experiências com as multidões, sem ter escrito artigos, livros e ensaios até os dedos não terem suportado mais. Como diz o ditado, o que se leva da vida é a vida que a gente leva.
Se depender de mim, farei muita gente feliz com o meu trabalho, por isso não desanimo. Meu bem-estar e minha riqueza dependem disso. Melhorar de vida e enriquecer sem ajudar os outros a fazer o mesmo é como realizar um banquete e não convidar ninguém. Não tem graça.
Nossas histórias são diferentes. Possivelmente, temos visão e missão diferentes, pois nossa história pessoal e nossas habilidades são diferentes. O lado bom de tudo isso é que podemos escrever o nome na história com histórias de vida inspiradoras, seja qual for a nossa vocação.
Minha história é regida pela minha vocação e esta, por sua vez, é regida pela minha missão: despertar o potencial existente nas pessoas para uma vida mais rica e desafiadora. Você já descobriu a sua?
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