A realidade é o que ela é e não o que você gostaria que fosse, dizia o meu instrutor de Coaching. Ouvi isso repetidas vezes para nunca mais esquecer, razão pela qual eu transfiro essa máxima com a mesma facilidade para as pessoas ao meu redor. Acredito piamente nisso.
Eu queria tanto que os meus filhos me ouvissem mais, a minha mãe fosse menos teimosa, a minha esposa concordasse mais comigo, as pessoas fossem mais solidárias, os políticos menos corruptos e o chefe mais compreensivo. Porém, a realidade é o que ela é e não o que eu gostaria que fosse.
São as expectativas irreais do ser humano. Queremos o tempo todo que as pessoas pensem exatamente como nós, afinal, discutir e fazê-las mudar de ideia dá muito trabalho. Não raro, somos convencidos por elas e entramos em conflito, pois isso contraria a nossa frágil convicção.
Quando não há concordância, a maioria parte para o conflito, revida ou despeja palavrões para aliviar a frustração de ser contrariado. A minoria recolhe-se, estrategicamente, e sabe que conflito é sinônimo de dor, estresse e desperdício de energia.
O ser humano, em geral, é frágil. Uma simples confrontação é suficiente para tirá-lo do sério e fazer com que cometa bobagens. Alguns elevam o tom da conversa, outros tomam medidas extremas, das quais poderão se arrepender para o resto da vida, mas isso não conta no calor da emoção.
Essa pura realidade define toda condição humana. Alguns aceitam as regras do jogo e se submetem. Outros preferem pagar para ver. Isso é bom ou ruim? Depende da quantidade de energia que a pessoa quer dispensar. A questão é bem simples: vale a pena?
Grandes quantidades de energia são perdidas com pequenas quantidades de bobagens. Isso é determinado pelo nível de amadurecimento da pessoa. Quanto mais sábio, menos imbecil. Parece óbvio, mas não é. Se assim fosse, os índices de violência e o de criminalidade estariam no subsolo e os conflitos tenderiam a zero.
Alguém me disse que o conflito é saudável, pois auxilia no processo de evolução e crescimento, entretanto, a impressão que se dá é a de que quanto mais o ser humano evolui, menos racional se torna, e não é por falta de informação. É o lado obscuro de cada um, o qual eu não faço questão de conhecer.
Infelizmente, a indignação diante dos fatos não é suficiente para mudar o estado mental das pessoas. Embora nos rebelemos contra tudo isso, a rebeldia se volta contra nós mesmo por meio do estresse e de outras doenças convencionais.
Toda convicção funciona até determinado limite. Embora você possa sustentá-la com todas as suas forças, por respeito, talvez o seu interlocutor se cale e o deixe falar, mas, em geral, não é o que acontece. Sustentar uma posição num mundo de valores equivocados, por vezes, é perigoso.
Existem certas coisas para as quais o embate não vale o esforço, pois, além de sugar energia ainda cria uma animosidade difícil de ser eliminada. Assim, é melhor ignorá-las e seguir vivo. Isso não diminui a sua reputação muito menos o seu caráter.
Por tudo isso, pare de sofrer e desperdiçar energia. Quem sofre antes do necessário sofre mais do que necessário. Quem desperdiça energia em coisas que não acrescentam nada ao seu desenvolvimento pessoal e profissional, irrita-se com frequência e se desgasta sem necessidade.
Assim sendo, discuta menos e aproveite melhor a vida. Sustente suas convicções até onde valha a pena. O mundo é muito complexo e as pessoas são mais ainda. Concentrar energia para mudar o ponto de vista alheio é bem mais difícil do que recolher o seu temporariamente, afinal, você não precisa mudá-lo.
O tempo é cruel e o mundo não vai esperar você convencer as pessoas do seu ponto de vista nem mudar a sua própria intransigência. Ele segue seu curso e privilegia aqueles que se melhor se adaptam às inconveniências sem se descuidar dos seus valores e princípios.
Pense nisso e seja feliz!