O fator preponderante no mundo dos negócios, para quem exerce papel de líder, é o resultado. E o resultado nem sempre aparece ou importa quando mais precisamos dele. E mais ainda, o sucesso no passado não garante o sucesso no futuro. Significa dizer que o líder vive na corda bamba, alternando entre momentos de alegria e de tristeza.
Você faz um esforço razoável na empresa, investe dinheiro do próprio bolso no aprimoramento das técnicas de liderança, domina dois ou três idiomas, persegue literalmente uma posição melhor no plano de carreira, aproxima-se do líder sem necessidade de bajular o sujeito e, quando mais espera ou menos espera, surge a oportunidade desejada. Nesse momento você lembra que chefe é aquilo que você sempre quis ser, mas odeia ter.
Com o tempo percebe-se também que quanto mais amigos você tem no trabalho, maior a probabilidade de perdê-los a cada degrau conquistado na escada do poder, por uma simples razão: o poder corrói relacionamentos.
Enquanto você é um modesto colaborador e ocupa um cargo operacional, existe a possibilidade de dividir as tarefas, de trabalhar em equipe, de compartilhar as dores e preocupações com os colegas mais chegados e, quem sabe, até falar um pouco mal do chefe no banheiro.
A partir de agora você é o chefe, o magnânimo, e não está preparado. As relações mudam radicalmente. Além de ter que mostrar condições de exercer o cargo sem perder o espírito de equipe daqueles que se dizem amigos, deve-se tomar cuidado para não deixar o nariz ultrapassar o nível dos olhos e o ego não superar o saldo da sua conta corrente.
Cargos de liderança exigem uma qualidade fundamental que poucos se dispõem a conquistar e aperfeiçoar: a arte de lidar com pessoas. Isso é algo tão complexo que não se aprende da noite para o dia.
Basta o ser humano olhar para dentro de si mesmo e avaliar o quanto ele torna as coisas difíceis, por mais simples que pareçam, o quanto parece intransigente e, por vezes, individualista quando mais se precisa dele.
Depois de um tempo, as pessoas não mudam assim facilmente, apenas se adaptam a uma condição por um período. Um simples descontentamento é suficiente para fazê-las voltar à forma original. Ninguém muda ninguém, nem mesmo um líder.
Como dizia Tolstoi, célebre escritor russo, as pessoas querem mudar o mundo, mas não querem mudar a si mesmo, portanto, pouco adianta ler uma infinidade de livros a respeito do assunto se o indivíduo não estiver imbuído do espírito da liderança e não mudar radicalmente a sua forma de pensar e agir.
Tornar-se um líder servidor é muito mais simples na teoria, pois demanda um esforço interior disciplinado para o entendimento da alma humana. O resultado é determinado pelo nível de paciência, de humildade, de respeito, de honestidade e de comprometimento com o desenvolvimento das pessoas.
Desejo muito que você passe por essa fantástica experiência de liderar uma equipe ou de administrar uma empresa e, quando isso acontecer, torço para que conserve a essência da liderança. Ela terá tudo a ver com o seu caráter ou com a falta dele.
Na maioria das empresas, liderança é, acima de tudo, resultado, portanto, aqui estão algumas dicas essenciais para ajudá-lo nessa difícil missão de conquistar as pessoas e faze-las encontrar o sentido no trabalho:
1. O líder vê a liderança como responsabilidade e não como um cargo ou privilégio. Se as coisas não caminham conforme o planejado, o líder não sai pelos cantos procurando culpados, mas assume a culpa e refaz o caminho;
2. A liderança surge quando as pessoas são capazes de trabalhar duro porque acreditam nos objetivos, na missão, na visão e nos valores da empresa, não porque existe alguém com o chicote ou o cronômetro em cima delas; você não precisa dizer quem você é o tempo todo para adquirir o respeito do grupo;
3. Quando você é líder, as pessoas estão avaliando seu comportamento, portanto, o seu caráter está em jogo; preocupe-se mais com o seu caráter do que com a sua reputação; o caráter representa exatamente aquilo que você é;
4. Um simples cartão de visita faz de um profissional um presidente de empresa ou um diretor, pouco importa se a empresa fatura 100 milhões ou 100 mil reais nem se possui 10 ou 10 mil empregados. Entretanto, somente a consciência do papel da liderança e o aprendizado constante transformam um simples recém-formado da USP ou o recém-chegado de Harvard num líder por excelência;
5. O líder é feito de carne, osso e espírito, portanto, antes de qualquer crítica, imagine-se no lugar dele, torça pelo seu desempenho e, se julgar conveniente, prepare-se para o lugar dele de forma discreta, sem ter que puxar o seu tapete; além de antiético, é reprovável, deselegante e não agrega nada ao seu currículo;
6. Um líder por excelência não precisa de plateia para promover o seu show particular; quanto sentir esta necessidade, associe-se a um grupo de teatro voluntário e convide amigos para assistir; é bem mais louvável e sensato;
7. Cargos de liderança são transitórios, portanto, se você reprova o chefe, por razões estritamente profissionais, e não pessoais, pare de sofrer por antecipação; não há chefe incompetente que resista à clava do destino, segundo Napoleon Hill, e um dia, quando você menos espera, ele cai.
Por fim, lembre-se: a liderança é uma qualidade a ser adquirida. As pessoas anseiam por reconhecimento e um propósito de vida. Se você conseguir ajudá-las a entender essa necessidade, certamente estará influenciando seu modo de pensar e agir e, por consequência, os resultados serão os melhores possíveis para a equipe e para a organização.
Pense nisso e seja um líder por excelência!
Quer saber mais? Leia o meu artigo Como começar o seu primeiro cargo de liderança