Leleco é uma personagem caricata da novela Avenida Brasil, bem representada pelo veterano Marcos Caruso, o qual está sempre em busca de um motivo para pegar a namoradinha no flagra, a estonteante Tessália, papel de Débora Nascimento, com ajuda de um amigo mais novo, o Darkson, perfeito na interpretação de José Loreto.
Na prática, Leleco está doido para levar um chifre de mais ou menos dois metros e, pelo jeito, não vai sossegar enquanto isso não acontecer. Como ele é o típico criador dos seus próprios demônios, este artigo foi escrito em homenagem a ele e seus seguidores.
Demônios estão sempre à espera de uma oportunidade para assombrar a felicidade humana. Quando você menos espera, eles aparecem. Eles são uma espécie de adrenalina negativa que nutre os fracos de espírito para fazer bobagens, cometer sandices e transformar momentos de dificuldades em ritual de ofensas.
Isso não tem nada a ver com religião, mas com estado de espírito. Aqui entre nós, é necessário muito equilíbrio para não se deixar levar pelo calor da emoção considerando que, quando os demônios se juntam, o sangue de barata desaparece e as pessoas acabam fazendo coisas que jamais fariam no seu estado zen.
Demônios são como vírus ou bactérias das quais você deve aprender a se prevenir constantemente para não se deixar contaminar. Assim mesmo, vez por outra, as pessoas se descuidam e, aos poucos, os demônios vão se transformando em dores, ameaças, afastamento e desconfiança.
Demônios vivem incubados. Seu hospedeiro favorito são as mentes frágeis que não se ocupam das coisas boas, dos pensamentos positivos, das boas companhias. Pessoas que não riem, que levam tudo a ferro e fogo, que se enclausuram, que gostam de encontrar culpados pelas suas próprias frustrações e que vivem ligadas ao passado são presas fáceis para os demônios.
Desconheço alguém que não carregue os seus. De certa forma, cada ser humano convive de maneira pacífica com eles. Somos testados a todo o momento por eles e podemos ou não deixa-los dominar os pensamentos. É uma questão de escolha. Alimente coisas boas na mente e terá coisas boas. Alimente coisas ruins e o resultado aparece em forma de raiva, de frustração, de violência, de dor e sofrimento, na maioria dos casos, desnecessários.
Apesar de falar com propriedade a respeito, sei que é difícil livrar-se deles. Conheço pessoas que já estabeleceram um pacto de amor e ódio com eles. Sabem que os demônios são prejudiciais para os relacionamentos, nocivos para a saúde, destruidores da autoestima. Sabem também o que devem fazer para dominá-los e mesmo assim insistem em alimentá-los.
Pessoas desse tipo, além de sofrer muito, fazem os outros sofrerem. Nada do que os outros façam pode ajuda-las a destruir os demônios que elas fazem questão de cultivar dentro de si mesmas. Tem muito a ver com a história pessoal de cada um, mas o fato de o seu pai ou sua mãe terem sido cruéis contigo não lhe concede o direito de fazer o mesmo com os demais.
Os demônios estão nas palavras e estas, por sua vez, ferem mais do que a violência física. No calor da emoção, agem como um punhal atravessado no peito que vai sangrando aos poucos até consumar a tragédia. Isso é tudo o que os seus demônios particulares desejam. Portanto, é necessário lutar contra eles o tempo todo com todas as suas forças para não ter de alimentá-los até o fim da vida. Não precisa ser necessariamente assim.
Eu poderia iniciar uma lista interminável de sugestões e práticas saudáveis capazes de expulsar todos os demônios da face da Terra. Não é necessário despacho nem sessão de exorcismo, o que considero pura perda de tempo. Quer expulsar o seus? É bem simples.
- Leia mais livros: não seja uma pessoa de um livro só, cujo discurso repetitivo está na ponta da língua e apenas aborrece as pessoas ao seu redor;
- Ocupe sua mente com pensamentos positivos: esqueça o passado que você não muda mais e só traz sofrimento; se você se concentrar no passado, acabará perdendo os bons momentos de felicidade no presente;
- Abra o seu coração: exponha seus sentimentos, suas dores, suas angústias, suas frustrações com equilíbrio; desabafar é bom, mas querer que os outros absorvam tudo isso e sofram da mesma maneira é uma tremenda falta de respeito;
- Pare de sofrer e criar fantasmas: quem sofre antes do necessário, sofre mais do que o necessário, portanto, se ainda não foi traído, se ainda não foi demitido, se ainda não está falido, qual é o problema? Quer estimular os acontecimentos?
- Respeite o ponto de vista alheio: não precisamos amar as pessoas para conviver de maneira pacífica com elas; respeitar é uma coisa, concordar é outra; em sinal de respeito, respeite o meu e eu respeito o seu ponto de vista;
- Seja significativo: projete o futuro, crie algo de valor, estabeleça metas, mergulhe naquilo que lhe faz bem e procure fazer a diferença na vida das pessoas em vez de ficar conspirando contra si mesmo e contra aqueles que lhe querem bem.
Por fim, lembre-se, não existe mundo perfeito, marido perfeito, esposa perfeita, filho perfeito, vida perfeita, emprego perfeito e empresa perfeita. Tentar ser rígido demais e exigir do mundo a utopia da perfeição só vai fazer com que você alimente seus demônios e afaste as pessoas que, em vez de ajuda-lo, farão de tudo para ficar longe da sua presença.
Pense nisso e seja feliz!