Dinheiro ou a vida: escolhas difíceis
Algumas afirmativas que circulam pelo mundo corporativo são dignas de reflexão: você precisa crescer, você pode mais, pense grande, você merece mais, desperte o líder que existe dentro de você, mude enquanto é tempo, acredite no seu potencial e assim por diante.
De fato, não conheço ninguém que tenha iniciado a carreira como aprendiz ou estagiário e tenha permanecido feliz no mesmo cargo por mais de um ou dois anos, embora existam pessoas que prefiram a zona de conforto.
O ser humano é movido pela necessidade de crescimento pessoal e profissional e, consequentemente, pela condição inequívoca de ganhar mais, na medida em que suas despesas e necessidades crescem.
Quanto mais você ganha, mais precisa de dinheiro, por conta das suas necessidades ilimitadas, além da percepção equivocada de que, quanto mais dinheiro você tem, mais bem-sucedido ou inteligente você é.
Apesar de tudo, ainda que o objetivo principal na vida não seja somente ganhar mais e mais. Você vai precisar dele para as coisas mais básicas, tais como alimentação, moradia e vestuário.
Vivemos em estado permanente de mudança, independentemente da fase profissional alcançada e da quantidade de dinheiro amealhada e ainda temos dificuldade para responder a uma pergunta crucial que nos atormenta todos os dias: o dinheiro ou a vida?
A grande ilusão do mundo corporativo é acreditar que existe espaço para todos crescerem, ganharem mais e galgarem posições melhores na empresa onde trabalham.
A maioria das empresas tem apenas um presidente, uma quantidade limitada de gerentes, alguns especialistas e coordenadores e, na sua grande maioria, milhares de bons soldados dispostos a dar o sangue pela empresa, outros nem tanto.
Ganhar mais, crescer profissionalmente e aspirar a um modo de vida melhor são desejos e direitos legítimos do ser humano e todos devem buscar o seu espaço.
A obsessão pelo dinheiro, cargo ou status é algo doentio, que acaba de maneira tragicômica para muitos profissionais. Quanto mais você trabalha e mais depende do salário, mais escravo você se torna da sua própria ganância.
Enquanto a necessidade de ganhar dinheiro for incontrolável, talvez você nem se dê conta dos males incorporados inadvertidamente na sua vida. Você estará dividido entre duas preocupações que farão enorme diferença daqui a alguns anos: 1) a sua qualidade de vida; 2) como fazer para não gastar todo o seu dinheiro no tratamento de doenças que comprometeram sua saúde e sua energia enquanto você ganhava dinheiro.
A simples vontade de satisfazer nossos desejos de consumo, apesar de legítima, tende a arrebentar com a nossa conta bancária financeira e emocional, além de tornar a vida impraticável.
Lembre-se da crescente imposição do ego para que adquiramos cada vez mais coisas e mais coisas sem as quais nós podemos viver tranquilamente.
Ganhar dinheiro é bom, gastar é melhor ainda e, infelizmente, para muitos, o dinheiro é tudo. Quando você estiver desencontrado e imaginar que o dinheiro é a única salvação, lembre-se de que existem coisas que o dinheiro não compra.
As sábias palavras de Joseph Campbell, autor de O Poder do Mito, fazem total sentido quando nos deparamos com a frase do título:
“A vida é uma grande escada corporativa. Depressão é quando você chegar ao final e nota que escada está encostada na parede errada”.
Aproveite a oportunidade de ganhar sempre que for possível, mas se o dinheiro for a sua única esperança de vida, você está perdido. Deve existir um propósito maior, além do ganho, que lhe fará viver uma vida mais digna, mais útil e produtiva. É simples assim.
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