A origem da falta de dinheiro
Aqui entre nós, você ganha bem? Aposto que sim. Ganha mais do que alguns amigos seus e menos do que outros, porém o salário nunca é suficiente. Existe uma razão para isso?
Decorridos vinte e dois anos do novo milênio, milhares de profissionais levantam da cama todos os dias e, contrários à sua vontade, seguem para o trabalho onde, na maioria dos casos, vão fazer o que não gostam, sorrir para quem não querem e ganhar menos do que poderiam.
Por outro lado, milhares também acordam e, contrários à sua vontade, correm para o celular ou para o notebook mais próximo a fim de procurar emprego cuja vaga só existe porque alguém concluiu que é melhor tentar um novo emprego ou ainda porque alguém foi disponibilizado para o mercado contra sua vontade.
Reflita sobre os seus ganhos: sai dissídio, entra dissídio, sai chefe antigo, entra chefe novo, vem promoção, mérito, emprego novo, bônus, PLR e você continua ganhando menos do que gostaria.
Vinte anos se foram na mesma empresa e talvez você não tenha sido reconhecido. Muitos vieram de outra empresa com salário até maior do que o seu e você não foi promovido. A frustração só aumenta.
Antes de prosseguir, permita compartilhar uma história que aconteceu comigo há muito tempo. Certa vez tomei coragem e abordei o diretor da unidade onde eu trabalhava numa grande companhia. Eu tinha certo prestígio e era benquisto pela direção.
Na época eu ganhava um bom salário, nada mal para quem saiu do interior, galgou a escada corporativa e, de emprego em emprego, foi melhorando o padrão de vida. Além de tudo, o Plano Real estava em evidência o poder aquisitivo havia melhorado muito.
Comparado aos dias de hoje, eu devia ganhar por volta de dez a quinze salários-mínimos, algo impensável para alguém da minha idade. Contudo, eu estava literalmente quebrado, com o limite de crédito tomado em três bancos e limite estourado em dois cartões de crédito, razão pela qual eu fui direto ao ponto:
– Chefe, meu salário não sobe faz tempo, o dissídio foi pouco e não fez nem cócegas. Eu preciso de aumento, qualquer coisa, 5%, 10%, só pra aliviar um pouco orçamento. Tem como me ajudar?
Ele pensou, pensou, roeu as unhas e, para minha surpresa, foi mais direto ainda:
– Grande JM, eu gosto muito de você e do seu trabalho, mas deixa eu te dizer uma coisa, esse negócio de aumento é besteira, vai por mim. Eu ganho trinta mil por mês e não me sobra nada! Por ora, só existe uma coisa que eu posso fazer por você: ajudá-lo com a rescisão e a multa do FGTS, que tal?
Fiquei mudo por alguns segundos. Minha vontade era atirá-lo pela janela, juro, mas me contive.
– Melhor não, chefe, vou pensar um pouco e ver o que consigo! – retruquei com visível sorriso de tristeza. Naquele dia eu voltei pra casa chorando e, ao entrar em casa, minha esposa olhou pra mim e já deduziu a resposta.
Dois meses depois, ele (o diretor) me chamou na sala, pediu para eu me sentar, olhou pra mim durante alguns segundos intermináveis e disparou:
– JM, eu estive pensando no seu caso, conversei com o pessoal da matriz e consegui uma reclassificação pra você. A partir do próximo mês você terá um aumento de 20% no salário, mas tem uma condição.
Nada vem de graça – pensei.
– Na próxima semana você vai me trazer todas as suas dívidas mapeadas, cartões de crédito e débito e nós vamos fazer um planejamento financeiro aqui na minha sala. Garanto que você vai aprender a viver com o que ganha pra mudar essa sua cara-de-pau, combinado? E agora vá trabalhar!
Meu coração foi na boca. Era sexta-feira, quase fim de mês. Ele não deixava de ter razão, pois o importante não é o quanto você ganha, mas como você gasta e administra a parte que lhe cabe.
Na semana seguinte ele dedicou meio-dia do seu precioso tempo pra me ajudar a avaliar a situação. Gratidão eterna por isso. Depois disso eu prometi a mim mesmo que nunca mais pediria aumento e faria de tudo pra viver do salário de forma digna e ainda construir um bom patrimônio.
Dinheiro é questão de disciplina e consciência financeira
O maior erro que uma pessoa pode cometer é não saber viver com o salário que recebe. Por conta da competição e do consumismo, acaba levando uma vida de empréstimos, o que a obriga a fazer do limite do banco a extensão do salário.
Por outro lado, 5% ou 10% de aumento não vai resolver a sua vida, portanto, greve, corpo mole, cara feia, conspiração no corredor, conversa séria com o chefe e até mesmo um novo emprego não serão suficientes para amenizar o problema se você não praticar duas virtudes essenciais para o sucesso na vida: disciplina e consciência financeira.
Sem isso, não importa se você ganha salário-mínimo ou dez mil reais por mês, você será eternamente infeliz. São duas virtudes não ensinadas na maioria das escolas.
Por essas e outras razões, conheço pessoas felizes que ganham de um a três salários-mínimos por mês e pessoas infelizes que ganham salários astronômicos, os quais os primeiros não conseguiriam durante uma vida inteira de trabalho.
Portanto, não reclame do patrão nem do salário. Além de deselegante, é improdutivo. Você já viu alguém reclamar o tempo todo do chefe e do salário e ainda conseguir aumento?
Eu ganho bem. Há meses em que eu ganho mais dinheiro e há outros em que eu ganho menos. Isso é bom ou ruim? Depende da prospecção, da produtividade, da entrega e do mercado favorável. A questão não é quanto eu ganho, mas como eu administro a parte que me cabe.
Em geral, o que castiga o ser humano é a comparação. Quando você descobre o salário de alguém e esse alguém ganha mais do que você, vem a frustração. Portanto, pare de sondar o salário dos outros. A menos que seja uma distorção injusta, é puro desperdício de energia vital. Cada um tem a sua história.
Se a empresa lhe concedesse hoje 100% de aumento, quanto de dinheiro você seria capaz de poupar? A resposta é o que vai definir o seu futuro e a sua prosperidade financeira.
Sem disciplina e sem consciência financeira não há dinheiro que solucione a pobreza de espírito, entretanto, a vida é muito mais do que dinheiro. Faça o melhor que puder, seja grato, continue caminhando e se não estiver feliz, comece a pensar algo diferente para mudar a situação.
Como diria Albert Einstein, insanidade é continuar fazendo sempre a mesma coisa e esperar por resultados diferentes. É simples assim!
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Como aumentar a sua consciência financeira
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