Exercitar o cérebro é questão de saúde
Uma das funções básicas do cérebro humano é a memorização. Sem a memória, outras habilidades de aprendizado seriam praticamente impossíveis. Por essa razão, o cérebro é responsável pela armazenagem de uma quantidade razoável de informações desde as triviais, como o som do latido de um cachorro, até as mais importantes, como a última vez em que você se emocionou ao receber a visita do seu melhor amigo de infância.
De acordo com os estudos da Psicologia, a memória consiste em três estágios distintos: (1) memória sensorial, (2) memória de curto prazo e (3) memória de longo prazo. No entanto, o cérebro é capaz de prestar atenção em apenas uma sequência de pensamentos por vez, pelo menos de maneira consciente, e elimina informações em excesso pelo processo de esquecimento.
Tudo o que ser humano percebe é registrado na memória sensorial, cujas informações permanecem menos de alguns segundos enquanto o cérebro processa e define o que é importante ser armazenado ou descartado. Como a quantidade de informações recebidas é elevada, o cérebro registra somente as relevantes.
Outras informações alcançam o segundo estágio por associação como, por exemplo, o fato de você assistir a um jogo da copa do mundo e ligar a imagem do técnico Felipão automaticamente ao fato de ele ter sido o capitão do time que conquistou o pentacampeonato para o Brasil em 2002 na Coreia do Sul. Ao mesmo tempo, você lembra que ele foi parcialmente responsável pela derrota do Brasil no jogo das quartas de final para a Alemanha por 7 X 1 em 2014, no Estádio do Mineirão.
Algumas informações atingem o terceiro estágio que dura muito mais do que a memória de curto prazo. As memórias de longo prazo são aquelas que não precisamos no momento, mas são armazenadas na memória e podem ou não ser utilizadas no futuro. A forma como são arquivadas em nosso banco de dados mental afeta a facilidade com que podemos recuperá-las.
Um estudo conduzido pelo Dr. David Snowdon, médico da Universidade de Kentucky (EUA), com 678 freiras da School Sisters of Notre Dame, trouxe alguns esclarecimentos importantes sobre a importância do uso condicionado da memória até o fim da vida. As irmãs da School Sisters não fumam, bebem muito pouco e contam com assistência médica, além de viver em comunidades semelhantes por toda a vida.
As razões de algumas pessoas continuarem com a mente ativa e intacta, mesmo em idade avançada, enquanto outras são acometidas de doenças como Mal de Alzheimer e outras deficiências mentais têm a ver com o exercício consciente e dinâmico da memória em diferentes estágios da vida, segundo a pesquisa.
Uma das técnicas utilizadas pelo Dr. Snowdon foi analisar as redações escritas pelas freiras décadas atrás ao iniciarem no convento. Isso lhe permitiu avaliar as evidências das habilidades cognitivas e linguísticas das irmãs na fase mais jovem, analisar palavras que indicassem perspectiva mental negativa ou positiva e, principalmente, comparar a capacidade mental das religiosas na juventude com a encontrada em idade mais avançada.
A demonstração de uma perspectiva positiva nas redações, a densidade de ideias e a complexidade gramatical apresentada foram determinantes para o não desenvolvimento dos sintomas do Mal de Alzheimer em idade avançada, de acordo com o Dr. Snowdon.
Aliado a isso, o estudo concluiu que o exercício sistemático da mente protegeu as irmãs contra o declínio da função mental à medida que envelheceram. As que exerceram a função de professoras, por exemplo, apresentaram saúde mental superior às que exerceram atividades na cozinha ou na limpeza.
Embora o Mal de Alzheimer seja causado parcialmente por fatores genéticos e, em muitos casos, seja difícil preveni-lo, o estudo demonstrou que as freiras com maior nível educacional e vida mental mais ativa desenvolveram uma capacidade cerebral extra, possivelmente, devido a uma rede maior de conexões entre os neurônios.
Com base no Estudo das Freiras, como ficou conhecida a pesquisa do Dr. Snowdon, é possível concluir que o exercício mental ininterrupto é a melhor forma de alcançar uma velhice com equilíbrio e serenidade. Assim, tão importante quanto ler esse artigo é direcionar esforços constantes para elevar a mente sempre para um nível mais alto, portanto, aqui vão algumas dicas.
Como exercitar o cérebro
Dedique tempo para pensar: para isso, é importante meditar e deixar as ideias fluírem livremente, sem distrações como televisão, shopping, brinquedos eletrônicos, som ou folia.
Leitura é fundamental: quanto mais informações o cérebro processa, mais conexões são estabelecidas pelos neurônios. Portanto, comprometa-se a ler, no mínimo, um livro por mês. Comece por livros simples e vá aumentando o grau de dificuldade com o tempo. Comece pelos meus livros.
Utilize técnicas para auxiliar a memória: anotar, rabiscar e escrever com frequência. Essas técnicas utilizam recursos diferentes da observação pura e simples e podem ajudar a fixar melhor as informações.
Repita até gravar: é outra forma eficaz de melhorar a memória de curto prazo. É possível aplicar essa técnica com poemas ou textos curtos utilizados em aulas e treinamentos.
Resolva problemas matemáticos ou jogue jogos de estratégia: atividades que envolvem raciocínio lógico e análise crítica podem ajudar a estimular o cérebro e melhorar as habilidades cognitivas. Jogos como xadrez, Sudoku, palavras cruzadas e quebra-cabeças são ótimas opções.
Aprenda uma nova habilidade ou idioma: desafiar o cérebro a aprender algo novo pode ajudar a melhorar a memória, concentração e habilidades motoras. Aprender um novo idioma, tocar um instrumento musical, pintar ou cozinhar são exemplos de atividades que podem exercitar o cérebro e proporcionar novas experiências e habilidades.
Por fim, para ampliar as habilidades do cérebro, é i:mportante fugir da rotina. Mude o caminho para o trabalho, leia livros diferentes daqueles que você está acostumado, visite lugares ainda não conhecidos e conheça pessoas diferentes. Essas experiências podem ajudar a expandir os horizontes e estimular o cérebro de maneiras novas e interessantes.
Há um provérbio chinês que diz o seguinte: se estiver planejando para um ano, cultive arroz; se estiver planejando para uma década, plante árvores; se estiver planejando para uma vida, eduque as pessoas. Portanto, educar a si mesmo é o melhor antídoto contra os males que tanto repudiamos na velhice, basta exercitar o cérebro e ele não faltará quando você mais precisar dele.
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