Quando é necessário adiar o sonho
A motivação é a mola propulsora na realização de sonhos, portanto, é um assunto inesgotável. Faz mais vinte anos que eu escrevi esse artigo, porém, me dou conta de que ainda continua super atual, motivo pelo qual fiz questão de revisitá-lo e adicionar algumas contribuições.
Quando eu era o simples Jerinho do interior, apelido carinhoso que recebi dos meus pais, uma das coisas que mais enalteciam o meu ego eram os elogios dos professores para as minhas redações.
Modéstia a parte, eu ganhei alguns concursos de redação na escola e na cidade onde eu morava. O meu sonho era ser um grande escritor e durante um bom tempo eu recuei diante das primeiras tentativas malsucedidas.
Dos 14 aos 40 anos eu embarquei na segurança de ótimos empregos com carteira assinada, na dignidade dos crachás e dos seus respectivos benefícios e adotei o sobrenome de várias empresas por onde passei.
Contudo, eu nunca me senti completamente feliz. Já dizia Emerson, o grande pensador norte-americano, leva tempo para descobrirmos o quanto somos ricos e felizes enquanto buscamos a felicidade. E quanto mais felizes estamos, menos felizes nos sentimos e mais felicidade queremos. É da natureza humana.
Com relação ao ofício de escritor, eu sempre me considerei um bom representante da classe, apesar de ter levado praticamente sete anos para publicar o meu primeiro livro. Foram necessários quase trinta anos para que eu, finalmente, conseguisse realizar o sonho de me tornar um escritor de verdade e ver o meu primeiro livro exposto numa livraria.
Poucos fazem ideia da sensação que se pode ter ao ver um livro de sua autoria exposto numa livraria. Se vende ou não vende, se as pessoas gostam ou não gostam, pode acreditar, não faz a menor diferença. O orgulho é grande e a alegria então, nem se fala.
Depois de 113 tentativas junto a editoras em nível nacional com livros de poesia, contos e crônicas, finalmente, a natureza divina teve compaixão de mim e resolveu premiar o meu esforço e a persistência, por uma razão muito simples: a motivação esteve sempre comigo.
Nesse período eu tive desapontamentos enormes como escritor e se dependesse da arte das palavras para sobreviver, teria morrido de fome, talvez nem fosse lembrado.
Devo reconhecer que, graças ao poder da motivação, da perseverança e da conexão direta com a sabedoria divina, consegui dar a volta por cima e fazer parte deste seleto universo dos escritores. A motivação estava sempre dentro de mim.
Entretanto, apesar de não ser conhecido nacionalmente como eu gostaria, reconheço que progredi bastante. O incentivo dos amigos, o amor e o reconhecimento da família são mais do que suficientes para manter o foco e a motivação acesa. Como eu tenho absoluta certeza de que não vou sair dessa vivo, quero morrer escrevendo.
A responsabilidade da motivação
A maioria das pessoas é condicionada desde criança às limitações do tipo “você não merece”, “não perca tempo com isso” ou “isso não enche barriga”, muitas vezes impostas por seus pais, colegas e professores. São necessárias décadas de motivação e leitura para se livrarem dessas aberrações.
Toda vez que eu penso ou falo de motivação minha mente estabelece automaticamente um paralelo com a sabedoria do Professor Dante Quadros, uma figura singular do mundo educacional em Curitiba. Eu tive o privilégio de ser seu aluno em cursos de especialização e de mestrado. Quando se trata de natureza humana, todo mundo aprende muito com ele.
Uma das situações abordadas frequentemente pelo ilustre professor é a origem da motivação. Se a motivação vem de dentro ou de fora, se é hereditária ou se pode ser ensinada, se você acredita ou não em motivação e o que ela pode fazer por você, somente o tempo haverá de dizer. O fato é que a (auto) motivação é uma virtude determinante para o bem-estar do ser humano.
Em todos os cantos da Terra existem pessoas carentes de motivação. Nas empresas, nas escolas, nas igrejas e até mesmo nas famílias mais abastadas é possível encontrar pessoas tristonhas do tipo “motiva eu” feito o cachorrinho que aguarda o estalar de dedos do dono para abanar o rabo. Basta olhar para elas e captar no seu semblante um inusitado pedido de socorro: “motiva eu”.
O mundo nunca esteve tão carente de motivação como nos dias de hoje, por coisas simples e banais, cuja onda de estímulo ao consumo até consegue solucionar temporariamente, mas nunca se sustenta se a própria pessoa não tem consciência de que a (auto) motivação é uma necessidade permanente.
Parafraseando o mestre Dante, não existe esse negócio de “motiva eu”. Se você se deixar abater por todas as notícias tristes que poluem a sua mente ou por todas as sanguessugas que se apresentam no caminho para tomar o seu tempo e a sua energia com frequentes pedidos de “motiva eu”, dificilmente alguém poderá ajudá-lo.
Ser ou estar motivado é uma questão de atitude, algo que vem de dentro, do coração. Quando você aprende a combinar atitude e talento, misturada com otimismo, surge a fagulha que cria a motivação e, naturalmente, um mundo de oportunidades se abre.
Não quero aqui bancar o hipócrita a ponto de afirmar que você tem obrigação de levantar e sair de casa todos os dias motivado, indiferente ao que acontece ao seu redor. Para o nosso bem, não é assim que funciona.
Viver eternamente carrancudo, mal-humorado ou cabisbaixo e sair pelos quatro cantos afirmando coisas do tipo “esse é o meu estilo e ninguém tem nada com isso” é um caminho que tende a levar você do nada para lugar algum.
Comportamentos assim servem apenas para inibir as qualidades do ser humano considerando que cada um é digno de um talento singular, portanto, faça da (auto) motivação uma bandeira pessoal.
Adotar o estilo “motiva eu” é optar pelo sofrimento e, se esse for o seu real desejo, pelo menos seja autêntico, sofra sozinho e pare de culpar o mundo pelo que acontece na sua vida. Como diz aquele antigo e sábio provérbio budista: não é o que lhe acontece, mas o que você faz com o que lhe acontece.
Além do mais, uma das coisas que aprendemos de maneira profunda em processos de coaching, é o questionamento simples e direito para uma única pergunta: emoção resolve? Claro que não! Então, o caminho é bem diferente.
Como aumentar a sua motivação
A motivação do ser humano precisa ser trabalhada. Ninguém nasce motivado ou desmotivado, é algo que aprendemos ao longo da vida por conta dos estímulos que recebemos, das companhias, enfim, do meio em que vivemos.
Por essas e outras razões, compartilho a seguir três lições importantes extraídas de pessoas simples, porém reconhecidas no meio em que atuaram por conta da sua eterna motivação. Avalie, reflita, pratique à exaustão e tudo vai mudar bem rápido que você imagina.
1) Uma pessoa bem-sucedida reconhece sua responsabilidade em termos de (auto) motivação. Tudo depende dela porque somente ela possui a chave da sua própria ignição, afirmou Kemmons Wilson, empresário do ramo hoteleiro americano.
Você pode obter uma pequena ajuda aqui, outra ali, mas o fato é que você é o único responsável pela criação de riqueza ao seu redor.
2) As circunstâncias favorecem os que mantêm os sonhos vivos na mente e exercitam o “hábito de caminhar um quilômetro extra”, segundo Napoleon Hill, autor de A Lei do Triunfo.
Estamos acostumados a enxergar o triunfo apenas nas grandes ações, o que não é totalmente verdade, pois o êxito é obtido através de pequenas ações repetidas todos os dias.
3) O entusiasmo é um dos mais poderosos instrumentos do sucesso. Quando fizer qualquer coisa, coloque toda a sua alma nisso. Seja ativo, enérgico, entusiasta e fiel e você alcançara seus objetivos. Nada de grande jamais foi conseguido sem entusiasmo, dizia Ralph Waldo Emerson, citado no início do artigo.
Sem entusiasmo você pode chegar a algum lugar, mas não naquele lugar que você imaginava, portanto, entusiasme-se e mantenha acesa a chama da vida cujo valor mais apropriado recebe o nome de motivação.
Pense nisso e seja feliz!
- Leia o meu artigo Como se tornar um otimista responsável
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